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Por uma maior integração

26 de dezembro de 2003

Na Alemanha vivem mais de sete milhões de imigrantes. Muitos não falam o idioma e desconhecem os costumes e a cultura do país. A conseqüência é o isolamento social.

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Barreiras: idioma e diferenças culturaisFoto: AP

Uma visita ao médico é quase sempre desagradável para a maioria das pessoas. Além do ambiente frio e impessoal, existe a incerteza do diagnóstico, o medo do tratamento, sem contar com o linguajar técnico do profissional. Se tudo isto causa arrepios, o que dizer sobre os pacientes que nem sequer falam o idioma e desconhecem os costumes? O resultado é previsível: frustração de ambas as partes.

Ausländer in Berlin-Kreuzberg
Estrangeiros que vivem em BerlimFoto: dpa

Para muitos dos mais de sete milhões de imigrantes vivem na Alemanha, essa realidade faz parte do cotidiano. Eles vêm para o país em busca de melhores condições de vida e de trabalho, anseiam por um novo lar, um recomeço. São poucos, porém, os que falam o alemão. Aqueles que precisam ir para uma repartição pública ou hospital, por exemplo, ficam desamparados se não encontram um amigo ou parente que domine o idioma.

Com o apoio da União Européia

No futuro, este papel poderá ser assumido por um outro imigrante. Ou melhor, por um refugiado que aguarda seu pedido de asilo na Alemanha. Na verdade, os que requerem asilo não podem freqüentar cursos nem trabalhar no país. Desde meados de 2002, entretanto, está sendo colocado em prática na cidade de Wuppertal um projeto piloto de formação de tradutor e intermediário cultural que conta com 26 alunos de ambos os sexos.

Varinia Morales, coordenadora do programa, revelou que esta qualificação profissional já foi reconhecida em muitos países europeus. Na Alemanha, ainda é uma novidade. O curso, financiado com recursos da União Européia, tem duração de três anos. Os participantes recebem instruções sobre a burocracia e o funcionamento do sistema social alemão. O treinamento nos mais importantes programas de computação e o aprendizado do idioma e das peculiaridades culturais do povo alemão também fazem parte do currículo.

Esses alunos são pessoas que em suas pátrias trabalhavam, por exemplo, como professores, arquitetos, cientistas e engenheiros. Na Alemanha, não tem direito a visto de permanência nem a licença de trabalho enquanto aguardam a regularização de sua situação. O curso é para eles o caminho para um futuro profissional no país.

Vantagens sem garantia

É preciso ter muita força de vontade para enfrentar o dia-a-dia. Após as aulas, os refugiados voltam para seus alojamentos onde convivem com desconhecidos. A história de vida de cada um, marcada por experiências traumáticas de fuga e desespero, exige deles uma dose extra de perseverança. O pior de tudo é a incerteza. Os 26 homens e mulheres que freqüentam o curso não sabem se e por quanto tempo poderão ficar na Alemanha.

O projeto de Wuppertal traz vantagem para todos. Por um lado, os futuros tradutores e intermediários culturais servirão de ponte entre os migrantes e a sociedade alemã. Por outro, esses novos profissionais estarão exercendo uma atividade qualificada que os integram no meio em que vivem. A única grande desvantagem é que a turma de 26 alunos, que concluirá o curso em meados de 2005, receberá um diploma que ainda não foi reconhecido oficialmente pelo governo alemão.