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PolíticaSuíça

Populistas de direita abrem vantagem nas eleições da Suíça

22 de outubro de 2023

Resultados preliminares colocam o Partido do Povo Suíço (SVP) à frente dos social-democratas e liberais, após campanha centrada nos temores em relação à segurança e preocupações com a imigração em massa.

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Mesários abrem urna durante apuração na Suíça
SPV deve conquistar 29% dos votos nas eleições para a câmara baixa do Conselho Nacional, o Parlamento da SuíçaFoto: Fabrice Coffrini/AFP/Getty Images

Uma pesquisa de boca de urna coloca a legenda ultradireitista Partido do Povo Suíço (SVP) como a maior força no Parlamento da Suíça, marcando uma guinada à direita no país alpino.

O SPV deve conquistar 29% dos votos nas eleições para a câmara baixa do Conselho Nacional, o Parlamento do país, o que representaria um aumento de mais de 3% em relação ao melhor resultado obtido pelo partido até então, segundo o instituto de pesquisas GFS Bern.

Os ultradireitistas dominaram as eleições parlamentares com uma campanha fundamentada na retórica anti-imigração e uma série de pautas conservadoras, como aquilo que chamou de "terror de gênero".

"Recebemos um mandato muito claro da população suíça para colocar à mesa os temas que são importantes para eles, como a imigração ilegal", disse o presidente do SVP, Marco Chiesa.

O SVP abriu larga vantagem em relação aos Social-Democratas, a segunda maior legenda do país, que deve obter 18% dos votos, aumentando sua votação em 0,7% em relação ao pleito anterior. Em seguida, aparecem as legendas O Centro e o direitista liberal FDP, com 15% dos votos cada.

Os Verdes não conseguiram repetir o êxito das eleições de 2019 e caíram quatro pontos percentuais, devendo ficar com o quinto lugar nas eleições com apenas 9% dos votos, segundo as projeções.

A rica nação europeia de 8,8 milhões de habitantes elegeu os representantes para as 200 cadeiras no Conselho Nacional, assim como os 46 representantes no Conselho dos Estados, a câmara alta do Legislativo suíço.

Segurança e imigração ilegal

O tema principal da campanha do SVP era o combate a uma suposta "imigração em massa" e a perspectiva de que isso poderia provocar um aumento da população para 10 milhões de habitantes.

"Esse é o novo normal?", era a pergunta que aparecia nos anúncios nas redes sociais, mostrando cenas de crimes perpetrados por estrangeiros, facas ensanguentadas, criminosos encapuzados e mulheres amedrontadas.

O partido também declarou guerra à chamada "cultura do cancelamento" e ao que se refere como "loucura da cultura 'woke'".

"A situação na Suíça é grave: temos imigração em massa, temos grandes problemas com pessoas em busca de asilo. A situação da segurança não é a mesma de antes", afirmou Thomas Aeschi, líder do SVP no Conselho Nacional.

O instituto de pesquisas GFS Bern projetou que o SVP deve obter 61 cadeiras no Parlamento. Os Social-Democratas, devem ficar com 41 vagas contra 30 do O Centro, 29 do FDP, 21 dos Verdes e 11 dos Verdes Liberais.

O Conselho dos Estados, que representa as províncias ou cantões que formam a Suíça, é dominado pelo O Centro e pelo FDP. As eleições raramente mudam o equilibro de forças na câmara alta do Legislativo suíço.

Guinada conservadora

O resultado não deve trazer grandes alterações à formação do governo suíço, o Conselho Federal, onde os sete gabinetes são divididos entre os quatro principais partidos de acordo com o percentual de votos de cada legenda.

"O zeitgeist dos últimos quatro anos desapareceu. Após quatro anos de crises, como a pandemia e a guerra na Ucrânia, as pessoas estão mais conservadores do que estavam em 2019", afirma o analista político Michael Hermann do instituto de pesquisas Sotomo.

Mesmo assim, ele não acredita que a eleição terá um grande impacto na política suíça, com os grandes temas como as aposentadorias ainda sendo decididos por consulta popular.

Os resultados finais da apuração dos votos são aguardados para esta segunda-feira.

rc (Reuters, AFP)