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G8

Pablo Walden (sv)29 de abril de 2007

No começo, eram seis. Só mais tarde é que, com o ingresso de mais dois países, passaram a formar o G8. Desde a criação em 1975, muita coisa mudou no grupo, exceto o propósito de ditar as regras da política internacional.

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1977: Giscard d'Estaing (esq.) e Helmut SchmidtFoto: p

O antigo G6 nasceu, por assim dizer, de uma situação de emergência. Em meados dos anos 1970, a crise do petróleo e a derrocada do sistema de câmbio fixo de Bretton Woods desencadeou uma crise econômica mundial.

O então presidente francês, Giscard d'Estaing, e o então premiê alemão, Helmut Schmidt, saíram em busca de uma fórmula de "coordenação global", como forma de vencer a crise. Desta forma, começaram a acontecer os primeiros encontros entre as nações industrializadas. Nascia, assim, o G6.

Encontros anuais

O primeiro encontro de cúpula da economia mundial aconteceu em 1975, no castelo Rambouillet, nos arredores de Paris. A seguir, os encontros passaram a ser anuais, a cada vez em um dos países-membros e sempre em maio ou junho.

De início, eles serviram para a discussão sobre assuntos atuais e debate sobre questões estratégicas a respeito da política econômica internacional. Isso, a portas fechadas, para o círculo reduzidos de "iniciados", ou seja, os chefes de governo da França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Japão e Estados Unidos.

Canadá e Rússia

Já no ano de 1976, o G6 viria a se transformar em G7, com o ingresso do Canadá no grupo. Após a queda do Muro de Berlim, em 1989, a Rússia bateu à porta e teve sua entrada permitida, passo a passo. A admissão do país no clube dos países mais ricos do mundo iria a ser concretizada em 1998. Em 2006, a Rússia assumiria, pela primeira vez, a presidência do G8, quando foi anfitriã do encontro de cúpula anual do grupo, que aconteceu em São Petersburgo.

Em princípio, poderia-se falar em um G9, uma vez que, desde 1981, o presidente da Comissão Européia participa regularmente dos encontros. Paralelamente, acontecem também encontros do G7, sem a Rússia. Pois Moscou não tem, ainda, acesso a todos os grêmios: especialmente as reuniões para tratar de temas econômicos costumam acontecer sem a presença russa.

Ausência de administração própria

Os primeiros encontros da cúpula do grupo dos países ricos eram bastante informais: em conversas noturnas ao pé da lareira, os chefes de governo descobriam as vantagens de uma troca direta a respeito de diversos temas.

Até hoje, o G7 e G8 não são considerados uma organização internacional. O grupo não dispõe de qualquer aparato administrativo próprio e nada é deliberado de forma compulsória. Os encontros anuais de cúpula são sempre organizados pelo país anfitrião, que também assume, naquele ano, a presidência do grupo.

Adeus ao espírto de Rambouillet

Nos primeiros anos do G7 e G8, assuntos de ordem financeira e cambial ocupavam o centro das atenções nos encontros. Nos anos 1980, temas relacionados à política de segurança foram se tornando cada vez mais importantes. Desafios como a marcha soviética no Afeganistão ou a catástrofe de Tchernobil fizeram com que fosse necessária a coordenação das ações do grupo.

O espírito de Rambouillet – conversas informais em círculos reduzidos – foi tomado pela enorme máquina da cúpula mundial. A coordenação dos diversos temas a serem tratados se tornou cada vez mais complexa. Hoje, não há apenas encontros entre chefes de Estado e governo, mas também reuniões em nível ministerial. A economia não é mais o centro das atenções, dividindo as preocupações do grupo com temas como clima ou terrorismo internacional.

Perdendo o bonde da história?

O que não falta são críticas à forma atual de organização do G8. O contexto internacional também é outro: o grupo não reúne mais as oito nações economicamente mais fortes do planeta. Embora os oito países, juntos, produzam dois terços da renda nacional bruta mundial, a China é a nação com a quarta renda nacional bruta mais alta do mundo. Também a Espanha, com uma renda nacional bruta maior que o do Canadá e o da Rússia, conclama uma participação no grupo.

Quanto ao futuro do G8, vislumbram-se duas possibilidades: ou se aceita novos países-membros e o procedimento de admissão passa a ser institucionalizado, o que acarretaria a necessidade de criar um aparato administrativo autônomo. Ou tenta-se manter, a todo custo, a atmosfera informal dos primeiros encontros do grupo, à beira da lareira e com conversas em tom despreocupado.