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Policiais entram na dança da moçada

rw3 de fevereiro de 2004

Na luta para combater a violência entre os jovens que vivem na periferia, policiais de Colônia decidiram entrar na onda da galera. Ao som de hip hop, eles dançam e cantam mensagens de paz e amor.

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Uma banda da pesadaFoto: dpa

Os policiais sobem no palco e dançam de forma sincronizada. Eles levantam os braços, jogam uma perna para a direita, viram para a esquerda, balançam os quadris. Vestidos com seus uniformes, o grupo de rap P.I.4 está trabalhando para transmitir uma mensagem específica aos jovens espectadores: venha até nós e converse conosco.

Durante as primeiras apresentações, os policiais tiveram que enfrentar duras críticas por parte da galera. Muitos achavam que eles tinham coisas mais importantes para fazer do que ficar dançando. O grupo, porém, conseguiu se impor, afinal, o hip hop não é para todos? E eles estavam nessa porque tinham algo a dizer...

O interesse dos policiais não é consolidar uma carreira no meio artístico, mas estreitar laços e conquistar a confiança da moçada. Para que isto ocorra de maneira convincente, o grupo conta com a participação de Philip Schwieren, mais conhecido como rapper Mr. Man q.x.

Polizei Vorbereitung auf Bush Besuch
Viatura da polícia alemãFoto: AP

"Antigamente, a gente olhava uma viatura ou policiais se aproximando e logo pensava: O que será que eles querem comigo, o que foi que eu fiz? Agora me toquei que é possível simplesmente bater um papo e conversar sobre qualquer coisa com eles", revelou Schwieren, cantor do grupo P.I.4.

Ensaios sem hora extra

Quando o rapper canta, os policiais dançam hip hop. A coreografia nem sempre é perfeita. Também, pudera. O grupo quase não tem tempo para ensaiar e quando o faz é fora do horário de trabalho.

"Temos uma ampla sala de reuniões na nossa delegacia e nos reunimos lá. Colocamos música no aparelho de som e ficamos ensaiando novos passos. Já tivemos inclusive ajuda profissional, uma coreógrafa que nos deu uma força", contou a policial Andrea Löhr, uma das integrantes da banda. A perfeição na dança, entretanto, não é fundamental. O importante é conseguir fazer contato com a moçada após o show.

Que é isso, colega?

Polizisten in Köln
Policiais de ColôniaFoto: AP

A apresentação de 15 minutos do grupo em reformatórios, orfanatos, partidas de futebol e outros acontecimentos sociais já é mais aceita pelos jovens do que por alguns colegas de profissão. Certos policiais acham que tudo não passa de um pretexto para diversão. Não é raro o grupo ouvir comentários do tipo "enquanto nós trabalhamos, vocês fazem shows e música", disse Michael Mannheim, um dos fundadores do P.I.4.

A iniciativa conquistou o apoio do secretário estadual de segurança pública e do chefe da Polícia. E assim, a despeito dos céticos e contrários, o grupo continua interpretando as quatro músicas do repertório, com letras que falam, por exemplo, do reencontro de pessoas que antes eram inimigas.

Acreditar na idéia

O grupo de policiais já possui até uma legião de fãs entre os jovens. Inclusive o CD da banda está esgotado. Eles cantam hip hop, mas estão abertos a outros estilos, desde que seja no idioma alemão e dentro da proposta inicial.

Esta maneira inusitada e nada convencional de se aproximar de jovens rebeldes exige coragem e persistência. Afinal, não é por subir em um palco e rebolar que a galera vai aceitar os policiais como novos membros da tribo.

Aos poucos, eles estão conseguindo mobilizar seu público alvo. Através de músicas que falam de amor, vida e esperança, dos folhetos que são distribuídos após cada apresentação, dos bate-papos nos bastidores. E, especialmente, por acreditarem na idéia.