Política energética de Merkel foi um desastre, diz ministro
O ministro da Agricultura da Alemanha, Cem Özdemir, lançou duras críticas às políticas energéticas do governo da ex-chanceler federal Angela Merkel, classificando-as de "desastre".
Em pronunciamento numa feira comercial em Munique, o político do Partido Verde disse que a atual gestão de Olaf Scholz "herdou uma situação catastrófica" no tocante à forte dependência do país em relação ao petróleo e gás russos, que se expandiu sob Merkel.
"Eu não achava que fosse uma boa ideia obtermos 60% do gás de um criminoso chamado Vladimir Putin", afirmou Özdemir neste domingo (17/07), referindo-se ao presidente da Rússia.
O ministro ainda convocou um debate público sobre os erros cometidos pelo governo anterior, dizendo ser vital "chegar a um consenso sobre o que aconteceu nos últimos anos".
"Dependência dos criminosos do mundo"
Segundo Özdemir, a atual coalizão de governo – formada pelos partidos Social-Democrata (SPD), Liberal Democrático (FDP) e Verde – deve agora continuar a reduzir a "dependência quase criminosa em relação aos criminosos do mundo". "Não quero que Putin determine se teremos energia suficiente ou não", arrematou.
Até o início da invasão da Ucrânia pelas tropas de Putin, em 24 de fevereiro, a Alemanha dependia da Rússia para suprir grande parte de sua demanda de petróleo, gás e carvão, apesar da oposição dos Estados Unidos e de outros países europeus, segundo os quais isso deixava o país nas mãos de Putin.
O governo de Merkel insistiu nos planos de construir um segundo gasoduto de gás natural – o Nord Stream 2 – entre a Rússia e o norte da Alemanha. A licença de operação só foi rejeitada depois que Moscou marchou sobre a Ucrânia.
Desde então, a maior economia da Europa tem tentado diminuir a dependência do petróleo e gás russos, a fim de aumentar sua segurança energética, mas também devido às sanções ocidentais impostas contra Moscou.
Alemanha se prepara para falta de gás
O governo alemão está agora preocupado se o país conseguirá abastecer seus terminais de gás com quantidade suficiente para o próximo inverno, depois que, em junho, a Rússia passou a reduzir seu fornecimento de gás natural.
Além disso, na semana passada Moscou fechou o gasoduto Nord Stream 1 para uma manutenção anual, mas há receios de que Putin possa aproveitar a oportunidade para cortar permanentemente o envio de gás à Alemanha.
Berlim acredita que o corte do fornecimento poderá fazer parte da campanha russa de retaliação às sanções internacionais.