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Arquivo grátis

Carlos Albuquerque3 de julho de 2008

Depois da revista "Der Spiegel" e do jornal "The New York Times", o "The Times" britânico disponibilizou 200 anos de arquivo na internet. Em vez da assinatura online, periódicos apostam agora na publicidade na internet.

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Tendência de reversão de conteúdo pago começou nos Estados UnidosFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

Cresce a tendência de jornais e revistas disponibilizarem seus arquivos de artigos gratuitamente na internet. Reverte-se a tendência do conteúdo pago, devido ao aumento de importância da propaganda online, já que o livre acesso implica um maior número de leitores através de buscadores como Google ou Yahoo.

Já em agosto do ano passado, o semanário alemão Die Zeit digitalizou seus artigos impressos desde 1946 e disponibilizou-os gratuitamente na web. O leitor também tem acesso grátis aos artigos online do semanário hamburguês, um dos mais importantes periódicos alemães.

60 Jahre Der Spiegel Coverbild Nr. 1 4. Januar 1947
Primeira edição do 'Der Spiegel'Foto: picture-alliance/ dpa

"A internet mudou muito nos últimos dois anos", publicou o jornal americano The New York Times, justificando a disponibilização gratuita do arquivo de artigos referentes a 92 anos editoriais do jornal nova-iorquino, em setembro último.

Com a liberação do acesso na internet a 200 anos de arquivo do jornal britânico The Times, em junho deste ano, a tendência da digitalização e da disponibilização de acervos de jornais gratuitamente online atingiu seu "padrão-ouro".

Oferta é crescente

Em fevereiro deste ano, a revista de maior circulação na Europa, o magazine alemão Der Spiegel colocou à disposição, em seu portal Spiegel Wissen, mais de 300 mil artigos impressos pela revista desde sua fundação, em 1947.

Artigos de sua revista de economia Manager Magazin, como também os da Spiegel Online podem ser acessados gratuitamente na internet. Através de palavras-chave digitadas numa máscara de Spiegel Wissen, o internauta também tem acesso a artigos da Wikipédia alemã.

Também em fevereiro de 2008, o diário milanês e principal jornal italiano Corriere della Sera liberou o acesso a 1,3 milhão de artigos dos últimos 16 anos na web. A oferta é crescente, pois o jornal do dia anterior é adicionado diariamente.

"Execução da rainha da França"

Artikel zur Execution von Marie Antoinette 1793
Anúncio da execução de Maria Antonieta em 1793Foto: timesonline.co.uk

Com o anúncio feito pelo célebre e tradicional jornal londrino The Times, em meados de junho último, a tendência de reversão do conteúdo pago ganha um forte aliado. A partir de agora, o internauta tem acesso gratuito a 20 milhões de artigos de 200 anos de história do The Times.

"Com o atual projeto, queremos estabelecer o padrão-ouro do arquivo online de um jornal diário", afirmou a editora-chefe do Times Online, Anne Spackman.

De 1785, ano de sua fundação, até 1985, o jornal britânico colocou seu arquivo à disposição do público de forma digital. Através de um software de reconhecimento óptico de caracteres (OCR), o leitor pode ler a conversão do artigo digitalizado em forma de texto – uma ferramenta bastante útil para a compreensão de caracteres de mais de 200 anos.

Através de uma inscrição gratuita, o leitor pode ler, por exemplo, a edição de 23 de outubro de 1793 do The Times, uma semana após a decapitação de Maria Antonieta. Neste dia, a manchete do jornal foi Execução da rainha da França. O relato da Batalha de Waterloo, os assassinatos de Jack, o estripador, a morte de Hitler ou anúncios de nascimento, casamento e morte também pertencem ao precioso acervo.

Buscadores na web

O jornal londrino afirmou que está trabalhando na digitalização dos seus arquivos desde 1985, como também dos artigos do The Sunday Times, sua edição de domingo, desde 1822. O diário britânico acresceu que o acesso ao arquivo digitalizado permanecerá grátis durante a fase introdutória. A mídia britânica acredita, no entanto, que a tendência desta oferta é continuar gratuita.

Como afirma o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung, os Estados Unidos, precursores da tendência do conteúdo pago (Paid Content), começaram a revertê-la a partir de 2005. Dois pontos foram essenciais para a mudança de comportamento de jornais e revistas americanas.

Os periódicos constataram que a receita proveniente de anúncios online duplica quando o acesso ao conteúdo digitalizado é gratuito e que maioria dos leitores não chega às suas páginas de internet através do acesso direto ao site, mas através de links de buscadores na web.