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PolíticaFrança

Ultradireitistas fracassam nas eleições regionais da França

28 de junho de 2021

Reunião Nacional falha no objetivo de conquistar um governo regional pela primeira vez ao perder em Provence-Alpes-Côte d'Azur, cuja capital é Marselha. Partido do presidente Emmanuel Macron também é derrotado.

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Marine Le Pen
Le Pen admitiu derrota ainda na noite de domingoFoto: Michel Spingler/AP Photo/picture alliance

Nem a ultradireita de Marine Le Pen nem o partido centrista do presidente Emmanuel Macron tiveram bons resultados no segundo turno das eleições regionais na França, realizado neste domingo (27/06). A eleição era vista como um termômetro para o pleito presidencial e foi marcada por abstenção histórica.

O partido de ultradireita Reunião Nacional (RN) foi derrotado e falhou no objetivo de conquistar um governo regional na França pela primeira vez ao perder em Provence-Alpes-Côte d'Azur, cuja capital é Marselha, e onde a sigla tinha chances de sagrar-se vitoriosa.

Em contagem parcial divulgada na noite de domingo, o conservador Renaud Muselier obteve 60,32% dos votos, contra 39,68% da candidatura da ultradireita, liderada por Thierry Mariani.

"Vocês responderam à ameaça da extrema direita", proclamou Muselier ao anunciar a vitória, em um pronunciamento público no qual também agradeceu à candidatura conjunta da esquerda e dos verdes, que desistiu do pleito para apoiar a centro-direita. "Venceu a lógica da unidade", enalteceu.

No primeiro turno, o RN havia conquistado o primeiro lugar em Provence-Alpes-Côte d'Azur, com 36,38% dos votos, enquanto a candidatura de Muselier ficou em segundo, com 31,91%.

"Esta noite, não ganharemos nenhuma região", admitiu Le Pen, que afirmou que a França está sofrendo uma "profunda crise de democracia local". "A mobilização é a chave para vitórias futuras", disse ela, com os olhos postos nas eleição presidencial do próximo ano.

Nas eleições regionais francesas, caso nenhuma sigla conquiste mais de 50% dos votos em primeiro turno, os partidos com mais de 10% dos votos avançam para o segundo turno.

Derrota para Macron

O partido de Macron, A República em Marcha (LREM), criado em 2017, já tinha sofrido um forte revés no primeiro turno e, neste domingo, não conseguiu vencer em nenhuma das 13 regiões do país.

Tal como o RN de Le Pen, o LREM sofre de falta de apoio regional, ao contrário da direita e da esquerda moderada e até da extrema esquerda e dos verdes.

Para alguns analistas, os resultados das eleições deste domingo lançam dúvidas sobre se as eleição presidencial de 2022 será mesmo reduzida a um duelo entre Macron e Le Pen, o que há muito é considerado o cenário mais provável.

"Agora todos entenderam que a eleição presidencial vai ser uma corrida a três", disse o republicano Xavier Bertrand, ex-ministro e vencedor na região de Hauts-de-France. Ele já havia assumido anteriormente ser candidato à presidência em 2022 e, agora, se consolida como provável nome capaz de concorrer com Le Pen e Macron.

De acordo com os resultados divulgados até a noite deste domingo, os partidos de direita e centro-direita haviam conquistado sete das 13 regiões, os de esquerda haviam vencido em cinco regiões e, na Córsega, a vitória foi dos autonomistas.

Abstenção histórica

A abstenção foi a principal protagonista do pleito: cerca de 66% dos eleitores não compareceram às urnas, mesmo patamar do primeiro turno, na semana passada, e muito superior ao das eleições regionais de 2015, quando a abstenção foi de 41,6%. O índice é o maior desde 1958, com exceção do referendo em 2000, que reduziu o mandato presidencial do chefe de Estado francês de sete para cinco anos e no qual 69,81% dos cidadãos não votaram.

"O que estamos vendo é o ápice de uma desconexão entre eleitores e a classe política", disse Jessica Sainty, professora de política da Universidade de Avignon. Ela, no entanto, observou que a pandemia de covid-19 também influenciou na alta abstenção.

le/as (Lusa, Efe, ots)