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Papa pede à Europa que não deporte migrantes resgatados

24 de outubro de 2021

Francisco faz apelo para que governos europeus parem de retornar refugiados ao risco de "violência desumana". UE precisa oferecer desembarque seguro em portos, alternativas à detenção e acesso ao refúgio, diz pontífice.

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Papa Francisco faz a oração do Angelus no Vaticano, em 24 de outubro
"Expresso minha cumplicidade aos milhares de migrantes, refugiados e outros em necessidade de proteção"Foto: Giuseppe Lami/ZUMA Press/imago images

O papa Francisco fez um apelo neste domingo (24/10) aos governos da Europa para que parem de enviar migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo de volta à Líbia e a outros "países inseguros" onde eles podem sofrer "violência desumana".

O pontífice exortou os países europeus a permitirem que os refugiados desembarquem de navios humanitários de resgate em portos seguros, e a garantirem aos migrantes "alternativas à detenção", bem como o acesso a requerimentos de refúgio.

"Expresso minha cumplicidade aos milhares de migrantes, refugiados e outros em necessidade de proteção na Líbia", afirmou Francisco após a reza do Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano.

"Muitos desses homens, mulheres e crianças estão sujeitos a violência desumana", alertou o papa. "Nunca esqueço vocês, ouço seus gritos e oro por vocês."

Francisco também pediu à comunidade internacional que "cumpra suas promessas" e encontre formas "concretas" de lidar com os fluxos migratórios a partir da Líbia e em todo o Mar Mediterrâneo.

Durante anos, a União Europeia (UE) tem financiado e equipado a guarda costeira da Líbia para interceptar migrantes que se dirigem à Europa em perigosos barcos improvisados e colocá-los em centros de detenção.

O apelo do papa vem num momento em que mais de 400 migrantes a bordo do navio humanitário alemão Sea-Watch 3 foram trazidos em segurança para a costa no fim de semana, depois que a Itália permitiu que a embarcação atracasse. Os migrantes haviam sido resgatados na costa da Líbia, no Mediterrâneo.

Também neste domingo, a linha direta de resgate de migrantes "Alarm Phone" afirmou que dois barcos infláveis no Mediterrâneo transportando 60 e 68 pessoas, respectivamente, precisavam de ajuda urgente.

Já o navio de resgate espanhol Aita Mari, com mais de 100 migrantes a bordo, também busca um porto para atracar.

A ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) afirmou que sua embarcação humanitária Geo Barents resgatou mais 95 pessoas na noite de sábado, elevando o total de migrantes resgatados a bordo para 296. "Intervimos antes que essas pessoas fossem forçadas a retornar à violência, abuso e exploração na Líbia", escreveu a organização no Twitter.

Mais migrantes rumo à UE

A Itália e as fronteiras da União Europeia com Belarus, no leste do continente, têm registrado um aumento crescente nas chegadas de migrantes.

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, afirmou ao Parlamento do país na semana passada que as chegadas à Itália a partir do Mediterrâneo dobraram para 50.500 neste ano, em comparação com 26.000 no mesmo período do ano passado. Ao menos 1.106 pessoas morreram neste ano ao tentar realizar a perigosa travessia rumo à Europa, disse o premiê.

Já na Alemanha, autoridades do país informaram neste domingo que 6.162 entradas não autorizadas foram registradas neste ano a partir de Belarus e da Polônia. A Alemanha implantou 800 policiais extras na fronteira polonesa para controlar o fluxo de migrantes que tentam entrar no país.

ek (AP, AFP, EPD)