Terezinha sente os efeitos da crise econômica todos os dias. O aumento na conta de luz lhe tira o sono, e até no mercado mais barato
do seu bairro ela tem que negociar o preço da comida. "Hoje eu gastei 30 reais: metade do carrinho. Antigamente eu gastava 30 reais, e levava o carrinho cheio e ainda sacolas na mão", afirma.
A crise da covid-19 forçou muitos brasileiros a morarem na rua. O custo de vida disparou, e ONGs relatam um aumento enorme
na quantidade de pessoas que não podem comprar comida. "Em abril de 2020, nós tínhamos majoritariamente um público masculino e sozinho. Hoje, em 2021, nós temos uma procura muito grande por famílias: mulheres, mulheres com crianças e casais", conta Priscila da Silva.
Em São Paulo, o preço da eletricidade aumentou 25% em um ano, e o preço dos alimentos, como a carne, aumentou até 40%. "Por um lado, há a inflação que tira o poder de compra. A gente tem as dificuldades do mercado de trabalho, reflexo da pandemia", frisa o economista Guilherme Moreira. "E você tem uma situação política que não apresenta solução para estas famílias. Então nós estamos vendo um momento muito delicado."
O Brasil tem a inflação mais alta em 20 anos. E sem fim da pandemia à vista, as perspectivas econômicas continuam a piorar.