Os impactos da pandemia no litoral paulista
Medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus abalaram o turismo no litoral norte de São Paulo. Com praias vazias, os animais parecem mais à vontade, dizem as equipes de monitoramento.
Mar e Mata Atlântica
Com praias bem próximas à Serra do Mar, o litoral norte de São Paulo abrange quatro cidades: Ubatuba (foto), Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. São 128 quilômetros lineares de costa e áreas preservadas de Mata Atlântica. As medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus abalaram o turismo, fazendo com que a circulação de visitantes e embarcações caíssem drasticamente.
Impacto do pré-sal
Royalties da indústria do petróleo também são fonte de recurso para a região. A extração de petróleo e gás é feita em 14 plataformas na área do pré-sal da maior bacia sedimentar offshore do país, a Bacia de Santos. Pelo canal de São Sebastião (foto) passam navios que descarregam petróleo no maior terminal operado pela Petrobras. Oleodutos levam o combustível pela Serra do Mar até refinarias.
Impacto nas praias
Uma das condições impostas pelo licenciamento ambiental é o acompanhamento das áreas sob influência da atividade petroleira, chamado de Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos. O Instituto Argonauta foi contratado em 2015 para esse trabalho e monitora semanalmente 218 praias distribuídas por 138 quilômetros nas cidades de Ilhabela, São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba.
Centro de reabilitação de animais
Quando animais feridos são encontrados durante o monitoramento, eles são levados para o centro de reabilitação do Instituto Argonauta em Ubatuba. Pinguins, focas, lobos e leões-marinhos, baleias e golfinhos já foram tratados no local e devolvidos à natureza. Na foto, a técnica cuida de uma tartaruga tigre-d'água que foi abandonada em frente ao centro.
Voo livre
Com praias vazias, os animais parecem mais à vontade, dizem as equipes de monitoramento do Instituto Argonauta. O entorno de Ilhabela, área importante para conservação de aves, é um dos locais onde o trinta-réis-de-bico-vermelho, espécie vulnerável, faz ninhos. A poluição provocada pelo turismo de massa é uma ameaça: objetos como palitos de sorvete e copos plásticos às vezes vão parar nos ninhos.
Golfinhos à vista
A diminuição do tráfego de embarcações por conta da pandemia também facilita o avistamento de golfilnhos. O boto-cinza (foto) é encontrado em águas costeiras do Atlântico e busca comida normalmente em estuários, baías e enseadas. O cetáceo pode ser encontrado de Honduras, no Caribe, a Santa Catarina, no sul do Brasil. As principais ameaças à espécie são a pesca acidental e o lixo plástico.
A misteriosa baleia-de-Bryde
As baleias-de-Bryde (foto) ainda são pouco estudadas. Presentes na costa brasileira, elas chegam a atingir 15 metros de extensão e pesam até 20 toneladas. A quilha central bem visível e as duas quilhas laterais na cabeça são características da baleia, que pode ficar até 20 minutos submersa. O projeto colaborativo de pesquisadores Brydesdobrasil tenta decifrar os mistérios da espécie.
Lixo abundante
Todos os anos, os oceanos recebem 25 milhões de toneladas de lixo. Só o Brasil manda 2 milhões de toneladas de lixo anualmente para o mar, segundo um levantamento da Associação Internacional de Resíduos Sólidos e da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Se a poluição seguir esse ritmo, em 2050 haverá mais plástico boiando do que peixes nos oceanos, diz a ONU.