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Oposição desafia proibição de protesto na Venezuela

29 de julho de 2017

Manifestante bloqueiam ruas de Caracas e protestam em várias cidades do país contra a Assembleia Nacional Constituinte. Em pronunciamento, Nicolás Maduro diz que opositores foram derrotados.

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Em protesto contra Constituinte, manifestantes bloqueiam ruas em Caracas
Em protesto contra Constituinte, manifestantes bloqueiam ruas em CaracasFoto: Reuters/U. Marcelino

Apesar da proibição do governo, a oposição na Venezuela iniciou nesta sexta-feira (28/07) a série de manifestações, que foram convocadas para os próximos três dias, tomando as ruas de Caracas com barricadas, obstáculos e sacos de lixo. Os manifestantes protestam contra a Assembleia Nacional Constituinte, cuja eleição dos representantes acontece no próximo domingo.

Pouco após ao meio-dia (horário local), na mobilização batizada como "tomada de Caracas", os manifestantes começaram a formar bloqueios nas ruas da capital venezuelana, principalmente no leste da cidade, conhecido por ser reduto de opositores e palco de protestos.

O fechamento das ruas restringiu a passagem em boa parte do leste da cidade, mas a presença de manifestantes está reduzida a grupos de dezenas de pessoas. A atividade dos opositores se desenvolve apesar da proibição do governo de qualquer tipo de reunião pública ou manifestação que ponha em risco o cenário eleitoral.

A aliança da oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD) disse que o objetivo do ato é pressionar o presidente do país, Nicolás Maduro, para a retirada a proposta de Constituinte. Protestos foram registrados nesta sexta-feira em todos os estados do país.

Algumas das concentrações e barricadas no município Chacao foram dissolvidas pelas forças de segurança. Parlamentares da oposição denunciaram também que disparos foram realizados contra manifestantes na cidade de Rubio. Em Tovar, um grupo invadiu um colégio eleitoral e destriu as urnas. Ainda não foi divulgado um número de possíveis feridos ou detidos.

Confrontos entre manifestantes e polícia também foram registrados na capital
Confrontos entre manifestantes e polícia também foram registrados na capitalFoto: Picture-Alliance/AP Photo/A. Cubillos

O primeiro vice-presidente do Parlamento, o antichavista Freddy Guevara, disse que o protesto "é um direito" e assegurou que tomaria "cada canto do país "para mostrar que [a população] não vai deixar que seja escravizada".

Na quinta-feira, o governo da Venezuela anunciou a proibição e alertou que aqueles que descumprirem a determinação poderão sofrer sanções penais. Depois do anúncio, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu às autoridades venezuelanas que respeitem o direito dos cidadãos à liberdade de expressão e manifestação pacífica.

"Estamos muito preocupados pela proibição dos direitos básicos de expressão e manifestação, especialmente no contexto do processo eleitoral de domingo", afirmou o porta-voz do Alto Comissariado, Liz Throssel.

Maduro provoca oposição

Apesar da onda de protestos que já duram quatro meses, o presidente da Venezuela disse nesta sexta-feira que a coalizão opositora foi derrotada na tentativa de tirá-lo do poder e pediu aos líderes opositores para que se rendam.

"Estão derrotados, rendam-se vocês da MUD. Estão derrotados e o povo vai a dar a vocês uma lição e um castigo no dia 30 de julho. O povo vai castigá-los com o voto, para que estudem, para que sejam sérios", disse Maduro, em pronunciamento exibido pelo canal estatal VTV.

A oposição venezuelana se negou a participar da Constituinte por considerar o processo fraudulento e critica que não tenha sido convocado um referendo antes da escolha dos constituintes, como ocorreu em 1999, quando foi sancionada a atual Constituição.

Desde abril deste ano, a Venezuela enfrenta uma onda de protestos e indignação, que já deixou 108 mortos no país, em meio a uma profunda crise política e econômica. A principal exigência dos opositores é a revogação da votação da Assembleia Constituinte defendida por Maduro, marcada para o próximo domingo, 30 de julho. A medida é encarada pela oposição como uma tentativa do governo de "consolidar uma ditadura" na Venezuela.

CN/efe/lusa/dpa