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O próximo "crash" pode estar perto

4 de janeiro de 2019

Um ano movimentado terminou, e começa um que promete ser ainda mais turbulento. E novamente a questão é: será que a bonança da economia está chegando ao fim? Tudo indica que sim, segundo o jornalista Henrik Böhme.

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USA New York - Börse
Foto: Reuters/J. Moon

Geralmente, os profetas do crash têm um trabalho fácil. Ano após ano preveem o pior – e quando, de fato, tudo vai por água abaixo, eles comemoram: bem que nós avisamos! Assim, eles andam por aí, apavorando as pessoas, vendendo seus livros, e elogiando, quando há, seus próprios títulos, quase como se fossem seguros de vida.

Mas quando vemos o atual estado da economia mundial, é possível mesmo chegar à conclusão: em 2019 vem o crash! Há problemas não resolvidos para onde quer que olhemos. Caos do Brexit, os populistas da Itália, a guerra comercial entre EUA e China. Mesmo que de vez em quando uma luz de esperança tenha surgido, logo aparecia alguém para apagá-la.

E realmente ninguém quer sequer imaginar o que acontecerá se a Europa cair numa nova recessão. As autoridades monetárias do BCE já usaram toda sua pólvora,  estão presas na armadilha de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, da política dos juros zero, de onde não conseguem mais sair. A inação de Draghi lançou as bases para a próxima crise.

Já dá para temer pelo pior quando a maior empresa de gestão de ativos do mundo, a Blackrock, adverte sua clientela contra o investimento nos mercados de ações da Europa, afirmando que os riscos são grandes demais e que são pequenas demais as chances de um novo reaquecimento.

Deve causar preocupação quando novamente cada vez mais investidores fogem para os títulos do governo dos EUA, porque eles supostamente são mais certeza de dividendos. Mas quando os rendimentos de títulos que demoram mais para vencer ficam abaixo daqueles que têm vencimento mais curto, então isso é um sinal de alerta. Quase sempre, tal "inversão da curva de rendimentos” é prenúncio de uma severa recessão.

A maior preocupação, no entanto, deve ser causada pela montanha da dívida mundial. Desde 2007 (o ano em que a crise financeira mundial começou), ela aumentou em 42% aos atuais (atenção: este é um número realmente grande) 237 trilhões de dólares. É claro que os bancos centrais inundaram os mercados com dinheiro desde a crise, e assim o dinheiro emprestado é usado para construir casas maciçamente e financiar imóveis e especular com ações. Só em Wall Street, investidores estão com 670 bilhões de dólares em dívidas; eles estão especulando com dinheiro emprestado. Uma bomba-relógio!

O mundo hoje está mais endividado do que antes da crise financeira, a dívida global é equivalente a entre 225% (Fundo Monetário Internacional) e 245% (Banco de Compensações Internacionais) do PIB mundial. Só a título de comparação: na zona do euro, há problemas se a dívida fica acima da marca de 60%. A dívida global sobe mais rapidamente que o crescimento econômico. Todo o belo aquecimento dos últimos anos – ele foi comprado a custo de endividamento.

Quando esta bolha estourar (e, sem dúvida, isso acontecerá), aqueles que não se arriscaram podem se sentir abençoados. Para todos os outros, o lema é: apertem os cintos! Pois uma coisa é certa: países altamente endividados não terão mais como organizar pacotes de resgate bilionários. E banqueiros de juro zero, como Draghi, não conseguirão baixar mais as taxas de juros para impulsionar a economia.

A tempestade está a caminho, e os abrigos são mais do que frágeis. Começando dos EUA, onde os efeitos dos presentes fiscais trumpianos enfraquecerão, atingindo também a Europa. Os americanos pagarão um alto preço por se endividarem como se não houvesse um amanhã. Os europeus terão que pagar pelo fato de se deixarem inebriar pelo bom desenvolvimento econômico dos últimos anos. Mas os europeus não tornaram sua casa um lugar à prova de crises.

Mas será que o grande crash está chegando em 2019? E, em caso positivo, em que dia da semana? Pergunte aos profetas do crash: eles podem dizer isso com exatidão!

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