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Observatório Social une sindicatos da Alemanha e Brasil

De Porto Alegre, Marion Andrea Strüssmann2 de fevereiro de 2002

Representantes da CUT e DGB discutiram a necessidade de fiscalizar o trabalho das empresas multinacionais, durante o Fórum Social Mundial que ocorre em Porto Alegre.

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Foto: AP

Observatório Social é o nome de uma iniciativa pela globalização dos direitos. Seu objetivo primordial é analisar o comportamento das empresas nacionais e estrangeiras em relação aos direitos fundamentais dos trabalhadores e ao meio ambiente.

Os temas de interesse são a garantia da liberdade sindical e negociação coletiva, fim do trabalho infantil e de qualquer forma de discriminação, preservação do meio ambiente, luta pela equiparação salarial entre ambos os sexos e direito à saúde e segurança ocupacional. Enfim, todos os aspectos previstos internacionalmente e expressos nas convenções da Organização Internacional do Trabalho.

Com o intuito de divulgar o trabalho do Observatório Social e fomentar sua atuação em âmbito internacional, sindicalistas do Brasil, Alemanha, América Latina, Coréia do Sul, África do Sul e Holanda abordaram a importância da iniciativa e seus resultados iniciais durante o Fórum Social Mundial, que se realiza em Porto Alegre.

A palestra, promovida pela Fundação alemã Friedrich Ebert, contou com a presença do brasileiro Kjed Jakobsen, membro da Central Única dos Trabalhadores e presidente do Observatório Social, criado há quatro anos por iniciativa da CUT. Ele destacou que não existe uma interpretação única dos direitos fundamentais.

Para garantir uma unanimidade de valores e resultados, o Observatório Social trabalha em cooperação com instituições nacionais e estrangeiras, como a FNV Mondiaal (Holanda), DGB (Alemanha), SASK (Finlândia) e Centro de Solidariedade da AFL-CIO (Estados Unidos).

Importância brasileira

Por abrigar cerca de 1200 empresas alemãs, o Brasil é o principal país de atuação da Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB), segundo frisou o alemão Manfred Brickmann, responsável por projetos da Rede Norte-Sul de parceria sindical em solo brasileiro. A DGB, que abrange oito sindicatos e tem 8,5 milhões de trabalhadores filiados na Alemanha, ajudou a construir e mantém a Escola Sul da CUT em Florianópolis, realizando constantes projetos de intercâmbio.

A relação entre a DGB e a CUT é intensa, o que contribui para a aplicação do Observatório Social. Brickmann revelou que três empresas alemãs com filiais no Brasil, Thyssen, Bosch e Bayer, já foram inseridas no programa de monitoramento de atuação e os primeiros resultados da pesquisa estão sendo avaliados.

Papel definido

O sindicalista alemão Manfred Brickmann também definiu o papel do Observatório Social na aproximação entre trabalhadores alemães e estrangeiros: "Apesar de serem empregados nas mesmas empresas, os trabalhadores alemães e brasileiros vivem realidades diferentes. Sabemos que as multinacionais não aplicam os mesmos padrões sociais e ambientais da Alemanha em suas fábricas no Brasil. Os sindicatos alemães estão organizados nos locais de trabalho e têm direitos de informação, consulta e co-gestão através de comissões de fábrica. Com o Observatório Social queremos criar um espírito de solidariedade entre os trabalhadores de multinacionais e uma cooperação contínua entre seus representantes sindicais."

Alemanha adere

Brickmann também divulgou a campanha Europa Limpa, um projeto com raízes no Observatório Social. Em solo alemão, o objetivo é conseguir que empresas de grande porte, como a Puma e Adidas, que fabricam seus produtos com mão-de-obra barata em países estrangeiros, criem um selo especial. A etiqueta seria um atestado ao consumidor de que essas firmas se preocupam com o cumprimento dos direitos fundamentais dos trabalhadores.