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O último debate antes da eleição

(ca)13 de setembro de 2005

Seis dias antes da esperada eleição parlamentar de 18 de setembro próximo, políticos dos seis maiores partidos alemães encontraram-se frente às câmeras.

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Candidatos e jornalistas no último debate na TVFoto: AP/MDR, Marcel Mettelsiefen

"Os candidatos trocaram o florete pelo sabre" foi como definiu parte da mídia alemã o debate entre os principais candidatos dos diversos partidos, que se encontraram na noite da última segunda-feira (12/09), em Berlim. Os comentários sobre a rodada de discussões denominada "Os Favoritos" destacaram, entre outros, a forma mais agressiva com a qual Merkel reagiu a Schröder, numa comparação com o penúltimo encontro entre os dois, ocorrido alguns dias antes.

Além do bate-boca entre Schröder e Merkel, o debate transmitido pela TV alemã foi marcado por temas como a formação de uma coalizão entre os grandes partidos, as reformas no sistema tributário anunciadas pelo provável futuro ministro das Finanças sob um governo Merkel, Paul Kirchhof, e a posição da coalizão CDU/CSU em relação à guerra do Iraque.

Guerra do Iraque é relembrada

O diário Süddeutsche Zeitung ressalta que no debate de 90 minutos gravado na manhã da segunda-feira e transmitido à noite pela TV, Merkel acusou Schröder de "propagar mentiras para criar uma atmosfera de medo entre a população", referindo-se a "insinuações" de Schröder em relação à guerra do Iraque. Segundo Merkel, Schröder teria dado a entender que a Alemanha teria participado ativamente da guerra, enviando soldados ao Iraque, caso a União Democrata Cristã estivesse no governo. Schröder rebateu as acusações com a ressalva de que uma campanha eleitoral é o momento para "uma argumentação afiada, mas não necessariamente para ofensas".

O francês Le Monde ressaltou a confiança de ambos os candidatos, principalmente de Angela Merkel, numa vitória nas urnas. Segundo o jornal, este útlimo debate teria sido mais neutro no que tange à perfomance dos candidatos. O diário destacou ainda a atuação de Schröder no último encontro entre os candidatos e a impossibilidade de uma grande coalizão, chamando a atenção para as últimas pesquisas, que demonstram praticamente um empate entre os dois maiores partidos.

A troca de amenidades entre Schöder e Merkel foi o destaque do Der Standard austríaco, salientando também o interesse demonstrado pelo candidato do Partido de Esquerda, Gregor Gysi, em uma coalizão a médio prazo com os social-democratas do SPD. Segundo o jornal, Schröder não teria dado muita atenção à eventual sugestão de Gysi, preferindo salientar o fortalecimento da aliança com os Verdes.

A grande coalizão se anuncia

O desinteresse de Schröder e Merkel por uma grande coalizão também foi manchete do suíço Neue Zürcher Zeitung. O diário chama a atenção para a relação entre as últimas pesquisas, que não dão vitória para nenhum dos partidos. Para o jornal, o debate da última segunda-feira pôs mais lenha na fogueira das sondagens eleitorais. O NZZ divulgou uma pesquisa feita para a rede particular de televisão RTL, na qual a União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) contam com 42%, o FDP com 6%, o SPD com 35% e o Partido de Esquerda e os Verdes com respectivamente 7% da intenção de voto dos alemães.

Para a versão online do semanário Der Spiegel, a última vez que a formação de uma grande coalizão no governo de Berlim esteve tão provável foi há 40 anos. Excetuando o flerte de Gysi com o SPD no debate, todos os candidatos evitaram mencionar a formação de um grande bloco de governo, mas a revista vê a formação de uma grande coalizão como inevitável, principalmente após o anúncio de empate das últimas pesquisas.

Com a máxima de que em uma eleição tudo se promete, menos aquilo que realmente vai acontecer, a revista lembra que em 2000, depois de somente um ano de governo, a coalizão entre social-democratas e verdes pacifistas enviou tropas alemãs ao Kosovo. Além disso, quatro anos depois, Schröder teria usado o seu "não" à guerra do Iraque para melhorar a imagem do governo junto à opinião pública, para logo depois anunciar reformas sociais drásticas no país.