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O que é a leptospirose, um temor no RS após as enchentes

Publicado 21 de maio de 2024Última atualização 25 de maio de 2024

Depois da catástrofe climática, estado contabiliza quatro mortes pela doença, transmitida principalmente pelo contato com água ou lama contaminada com a urina de roedores. Saúde confirma 54 casos e investiga outros 800.

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Um homem empurrando um carrinho de mão com a água pelas canelas em uma rua cheia de lama
Homem limpa casa inundada em Muçum; contato com a água ou lama em enchentes pode causar doençasFoto: Adriano Machado/REUTERS

Há poucos dias de completar um mês do início das chuvas que inundaram o Rio Grande do Sul, o estado já registrou quatro mortes por leptospirose, doença infecciosa geralmente transmitida pela urina de ratos. Outros quatro óbitos estão em investigação.

Nas últimas semanas, 54 casos da doença foram confirmados pela Secretaria de Saúde do RS, e outros 800 estão em análise.

A causa da morte da primeira vítima, um homem de 67 anos do município de Travesseiro, no Vale do Taquari (uma das áreas severamente atingidas pelas enchentes), foi confirmada na segunda-feira (20/05), três dias depois de ele vir a óbito e oito dias após o registro dos primeiros sintomas, informaram as autoridades gaúchas. 

Na terça, a Prefeitura de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, confirmou a segunda vítima: um homem de 33 anos, também morto em 17 de maio.

As outras duas vítimas são um homem de 56 anos de Cachoeirinha e um homem de 50 anos de Porto Alegre.

Embora a leptospirose seja considerada endêmica no estado – ou seja, em circulação sistemática no ambiente –, episódios como alagamentos aumentam o risco de infecção.

Antes da catástrofe climática que arrasou o estado, dados do Ministério da Saúde contabilizavam, no período de 1º de janeiro até 17 de abril deste ano, 129 casos da doença e seis mortes. Em 2023, foram 477 casos e 25 mortes.

O que é a leptospirose e como ela é transmitida

A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela Leptospira interrogans. Ela é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, principalmente roedores.

Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água das chuvas ou lama contaminadas poderá se infectar. A bactéria presente na água penetra o corpo humano pela pele ou mucosa.

Bovinos, suínos e cães também podem adoecer e transmitir a leptospirose aos humanos.

Embora na maioria das vezes a leptospirose seja assintomática, o quadro da doença pode evoluir e causar até mesmo a falência de órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, a doença apresenta uma letalidade média de 9%.

Quais são os sintomas da doença e o que fazer em caso de suspeita

Os principais sintomas da leptospirose são: febre, dores musculares (principalmente na panturrilha), dor de cabeça, fraqueza, calafrios, vômito e diarreia. Nas formas mais graves geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos). Infectados também podem apresentar hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte.

Os sintomas surgem normalmente de cinco a 14 dias após a contaminação – ou, eventualmente, em até 30 dias.

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Diante do alto risco de contágio em função das enchentes, a orientação das autoridades gaúchas é buscar atendimento médico imediato já nos primeiros sintomas e relatar se teve contato com alagamentos. Casos suspeitos em áreas que foram alagadas devem iniciar tratamento imediato com antibióticos mediante supervisão médica e, se possível, realizar um exame a partir do sétimo dia do início dos sintomas para confirmar se, de fato, trata-se de leptospirose.

Como é o tratamento

A infecção é tratada com antibióticos, cuja eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial. Nos casos graves, segundo a Secretária de Saúde do RS, a hospitalização deve ser imediata, para evitar complicações e diminuir o risco de morte. Pacientes não devem se medicar por conta própria, sem a supervisão de um profissional de saúde.

Como se prevenir

Nos locais que tenham sido invadidos por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente com água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), na proporção de um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água. Durante a limpeza e desinfecção de locais onde houve inundação recente, deve-se também proteger pés e mãos do contato com a água ou lama contaminadas. A luz solar também ajuda a matar a bactéria.

Outras medidas ajudam a evitar a presença de roedores: manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados e a cozinha limpa, sem restos de alimentos; retirar as sobras de alimentos ou ração de animais domésticos antes do anoitecer; manter o terreno limpo e evitar entulhos e acúmulo de objetos e lixo nos quintais.

ra/le (ots)

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