O povo nativo-americano Yurok
Governo tribal, cuja constituição própria foi criada em 1993, é autônomo e independente do estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Equilíbrio social e ambiental está entre as prioridades do grupo.
Nativos dos Estados Unidos
Localizada no estado da Califórnia, na costa do Pacífico, a Reserva Yurok é a maior reconhecida na região, ao longo do rio Klamath. A árvore da espécie sequoia sempervirens, considerada sagrada para a etnia, cobria boa parte da costa, mas só 5% restaram depois da intensa exploração no século 19. Algumas sequoias, com mais de 100 metros de altura, resistem no território yurok há mais de mil anos.
Estado Yurok
O governo tribal yurok é autônomo, independente do estado da Califórnia. A constituição própria foi criada em 1993 e estabeleceu o equilíbrio social e ambiental como prioridade. O governo conta com um conselho, um tribunal e polícia autônoma. A jurisdição se estende a todos os membros da etnia e a todos os que moram na área da reserva - existem moradores não indígenas no território.
Porta de entrada
Na área onde o rio Klamath deságua no oceano pacífico, focas são avistadas. O local é também a porta de entrada do salmão, que sobe o rio em busca de águas frias e calmas para depositar os ovos. Biólogos estimam que, de 3 mil ovos, apenas dois sobrevivem - o próprio salmão come os ovos fecundados. Em sua fase juvenil, os primeiros 18 meses, o peixe permanece no rio.
Pesca do salmão
Com base num monitoramento anual da rota do salmão, o governo yurok estabelece uma cota de pesca. Devido à queda no número de peixes, a pesca comercial está vetada há três anos. Em 2018, está autorizada a pesca de, no máximo, 1400 peixes, para consumo da própria população. O salmão é um alimento tradicional dos yurok, usado em festivais e rituais sagrados.
Recuperação do Klamath
A recuperação do rio Klamath para garantir o salmão é apontada como questão de sobrevivência para os yurok. O trabalho nos tributários do rio, onde peixes juvenis passam seus primeiros meses, tem sido feito há dez anos. A técnica de restauração quer imitar o cenário natural antigo, removendo pedras dos riachos e devolvendo a mata. A expectativa é recuperar a área nos próximos 50 anos.
Neblina e mudanças climáticas
No verão, uma densa camada de neblina cobre a floresta na reserva pelas manhãs. A umidade que vem do oceano é importante para manter o clima saudável para o crescimento das árvores. Com o aumento da temperatura provocado pelas mudanças climáticas, essa neblina pode desaparecer, o que deixa o solo mais seco e as árvores mais vulneráveis aos incêndios, afirmam pesquisadores que atuam na região.
Tradição e ciência
Frank Lake, pesquisador do Serviço Florestal Americano (esquerda) e Tim Hayden, do Departamento Florestal Yurok, discutem projetos que comprovam o conhecimento indígena por métodos científicos. O último estudo publicado por Lake explica como a fumaça do fogo manejado tradicionalmente para limpar a floresta tem efeito no resfriamento da água do rio Klamath, potencialmente "chamando" o salmão.
Cultura e língua
Atualmente, apenas 5 membros da etnia yurok falam a língua com fluência. Até o início do século passado, crianças eram retiradas das aldeias e levadas para internatos e educadas para abandonar as práticas indígenas. Escolas no território trabalham para manter a língua e as tradições culturais, que incluem rituais e danças sagradas. Na foto, homens yurok preparam o fogo para assar salmão.
Economia e futuro
Segundo os conselheiros do governo yurok, gerar renda para a população é um desafio. Uma das alternativas em teste é um cassino na área central da cidade de Klamath. Muitas famílias vivem em pontos remotos, sem rede de energia, onde problemas sociais são apontados como a principal causa do aumento de casos de abuso de heroína e opioides, esse último receitado para combater a dor.