O mecânico de automóveis Hermann Mack, de Solnhofen
12 de maio de 2010Hermann Mack já lida com motores desde a juventude. Naquele tempo, o jovem se interessava pelas técnicas mecânicas mas não queria saber das leis de trânsito: "Com 12 anos eu tive meu primeiro ciclomotor e com 13, uma motocicleta mais potente, que naquela época já chegava aos 85 km/h".
Com tudo isso, não foi díficil para o jovem Hermann decidir qual caminho percorrer. Tornou-se mecânico de automóveis.
Mais vocação do que profissão
Hermann criou seu próprio negócio há 22 anos. O mecânico de automóveis, hoje com 51 anos, inaugurou na comunidade de Solnhofen, com 1900 habitantes, o "Autohaus Mack" - uma revenda de automóveis.
Hermann e sua esposa Ina estão juntos também nos negócios. É ela quem administra a loja de carros. Hermann é responsável pelas vendas - e passa quase 70% da semana na oficina.
Mas em tempos de crise econômica e financeira, a situação no estabecimento do casal não é das mais fáceis: "As vendas diminuíram consideravelmente. Isto significa que agora preciso trabalhar mais na oficina. Somos uma empresa pequena com apenas quatro funcionários".
Hermann pensava que com o incentivo do governo alemão de oferecer bônus para quem se desfizesse de seu veículo usado - para comprar um carro do ano -, ele iria aumentar as suas vendas.
Mas não foi o que aconteceu. O motivo é simples: a marca japonesa com a qual Hermann trabalha não é tão conhecida na Alemanha, quanto menos nas regiões campestres, no interior do país.
Quando foi oferecido o bônus por parte do governo alemão para que as pessoas trocassem de carro, foram os revendedores de carros populares que mais profetizaram da situação. Por causa disso, a família Mack aposta agora, na prestação de serviços: revisão, reparos e consertos.
Antigamente, quando havia um acidente de trânsito naquela região, era o próprio Hermann quem se dirigia ao local para buscar o automóvel batido e levá-lo à sua oficina. Hoje, o carro-guincho daquela época, que é peça histórica, serve apenas para posar às campanhas publicitárias e para exposição.
Não é crente, mas tem fé
Hermann gosta de tocar violão, mesmo que não tenha muito tempo para o hobby. Quando o assunto é orgulho, ele fala de sua moto BMW com um sidecar - um dispositivo de uma única roda preso a um lado da motocicleta, resultando em um veículo de três rodas. Uma combinação única, afirma ele, já que a cadela de estimação Nelly participa sempre de todos os passeios, sentada no sidecar.
Dentre as suas atividades, o mecânico de automóveis acabou abdicando de uma: a política. Até alguns anos atrás, ele era membro do conselho municipal de Solnhofen. Hoje, ele não é mais ativista político mas continua interessado pelo tema.
Ir às urnas, em dia de eleição, é óbvio para Hermann. Com relação ao governo alemão - a coalisão da CDU (União Democrata-Cristã) e da CSU (União Social-Cristã na Baviera) ele diz: "Eu acredito que o governo irá principalmente beneficiar os ricos no país. Meus clientes não são ricos. Estes são em primeira linha operários e funcionários públicos. O governo reeleito em 2009 não irá trazer grandes mudanças para mim".
Quando o assunto é religião, Hermann se considera um pouco cético. Ele foi batizado e integra a maioria protestante luterana que existe em sua comunidade, mas "a idéia que eu tenho de Deus não é aquela que as igrejas nos repassam. Se existe algum deus, então ele não é assim como está escrito na bíblia ou no alcorão. Eu vejo Deus como um fenômeno da natureza".
Avareza não é legal
Ao contrário do que diz o slogan de uma loja de eletrônicos na Alemanha "Geiz ist geil" - Avareza é legal -, Hermann não suporta pessoas ricas que sejam sórdidas e avarentas.
Hermann e a esposa apóiam, há muitos anos, um projeto de apadrinhamento de crianças carentes: "Fiquei sabendo de uma organização que intercede em prol de crianças necessitadas na época em que eu estava no hospital. A criança que eu apadrinhei mora na China, numa região que é relativamente pobre".
"A criança é o elo, mas o projeto ajuda toda aquela comunidade. Os poucos euros que doamos mensalmente valem muito dinheiro na China. É bom se podemos ajudar. Na verdade, deveríamos fazer isso mais vezes e continuar, no futuro, apadrinhando crianças carentes".
Que fique tudo como está
Quando olha para o futuro, Hermann deseja, sobretudo, saúde e mais tempo livre para si e para a família. Quando questionado com quem ele gostaria de trocar de vida por apenas um dia, Hermann exita: "Isto eu considero muito arriscado. Eu teria medo de que a pessoa com a qual eu troquei de vida, viesse a morrer justo naquele dia e então eu nunca mais poderia voltar à minha vida."
Palavras sábias com as quais Hermann quer dizer: que fique tudo como está!
Autora: Xiegong Fischer (br)
Revisão: Alexandre Schossler