O cotidiano de integrantes do MST no interior paulista
Acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em Valinhos é o maior do estado de São Paulo. Os moradores, de pessoas em situação de rua a trabalhadores com carteira assinada, se dividem na gestão do local.
Habitações
O acampamento do MST Marielle Vive, em Valinhos, é o maior do estado de São Paulo, com cerca de 2,5 mil pessoas. Há diferentes perfis entre os acampados, que vão desde pessoas em situação de rua a trabalhadores com carteira assinada. Segundo o MST, fundado há 35 anos, cada família constrói o seu próprio barraco, que pode ter no máximo 16 metros quadrados.
Marielle Vive
A Eldorado Empreendimentos Imobiliários alega ser proprietária da área ocupada pelo MST desde 14 de abril de 2018. O local onde o cotidiano do acampamento é debatido semanalmente, numa construção em ruínas que já existia ali, vira sala de cinema aos domingos – os filmes são projetados sobre a colcha branca improvisada usada como tela.
Secretaria
Segundo o MST, famílias novas chegam ao acampamento diariamente. Também há aquelas que deixam o local. Ninguém paga para manter um barraco na ocupação, segundo o movimento. A única cobrança seria uma taxa de R$ 10 por mês, que vai para um caixa que custeia, por exemplo, transporte até o centro da cidade e gás para a cozinha coletiva.
Cozinha coletiva
Doações abastecem a cozinha coletiva do acampamento. Três refeições são servidas diariamente, de graça. Cerca de 100 pessoas se alimentam na cozinha todos os dias. O preparo das refeições faz parte das responsabilidades compartilhadas entre os moradores, que se dividem em escalas. No dia da visita da DW Brasil, o cardápio do jantar incluía arroz, feijão, repolho, omelete e polenta.
Roupas doadas
Moradores do acampamento se dividem na gestão do almoxarifado, também seguindo uma escala de trabalho. As roupas e demais objetos que chegam de doações são organizados e vendidos por R$ 1, valor simbólico para evitar que as pessoas levem o que não precisam. A construção de alvenaria em ruínas onde o almoxarifado funciona já existia quando o MST ocupou a área.
Fonte de água
A única fonte de água no acampamento fica a um quilômetro da porteira de entrada. Um projeto do MST tenta reflorestar a mina, e as mudas para o plantio são cultivadas ali mesmo. A prefeitura de Valinhos também abastece com caminhão-pipa caixas d'água dentro do acampamento. Os moradores usam baldes para levar água das caixas até seus barracos.
Cultivo de alimentos
Apesar de o espaço no acampamento Marielle Vive ser restrito, alguns moradores cultivam hortaliças e ervas medicinais em pequenos canteiros. Por enquanto, as famílias produzem para consumo próprio. O projeto do MST é transformar a área ocupada num polo de produção orgânica e abastecer cidades da região de Campinas.
Proteção contra agrotóxicos
No sítio de Iracema da Silva, dentro do assentamento do MST em São José dos Campos, a produção é orgânica. Mas nem todos os vizinhos têm cultivos livre de agrotóxicos. Para evitar a contaminação dos canteiros que estão sendo preparados, Silva plantou uma fileira de árvores para "barrar" os produtos químicos que são usados em outros lotes do assentamento.
Agroecologia
No assentamento do MST em São José dos Campos, que também começou com uma ocupação em 1999, Valdir produz 70 espécies de alimentos. A meta é chegar a 150. Ele não usa agrotóxicos, mas plantas para controlar o crescimento de outras. Cada detalhe conta, como o sombreamento de árvores e a quantidade de luz que chega a cada espécie para que a produção dê frutos.