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O Brasil na imprensa alemã (29/04)

29 de abril de 2020

Renúncia e acusações de Sergio Moro, além de análises sobre o futuro do governo Jair Bolsonaro, foram destaque em jornais alemães na semana que passou.

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Sergio Moro
Ao renunciar, Moro fez série de acusações contra BolsonaroFoto: picture-alliance/dpa/Agencia Brazil/M. Camargo

Süddeutsche Zeitung – Ministro Sergio Moro renuncia de forma surpreendente, 24/04

Sergio Moro era considerado uma das estrelas do governo Bolsonaro. Antes do cargo de ministro, ele obteve popularidade nacional como juiz. Na assim chamada Operação Lava Jato, ele expôs uma enorme rede de corrupção que chegava até os altos círculos políticos e econômicos do Brasil. Moro era considerado um juiz incorruptível, que estava pondo um fim numa cultura da propina profundamente enraizada na sociedade brasileira. Isso o tornou extremamente popular entre a população; centenas de políticos e empresários, alguns de alto escalão, foram acusados, entre eles Luiz Inácio Lula da Silva.

Observadores avaliam a saída de Moro como mais um sinal de uma progressiva erosão do governo de Bolsonaro. São cada vez mais frequentes as brigas declaradas entre forças moderadas e os radicais no governo, aos quais o próprio Bolsonaro pertence. Para manter o poder, o presidente aposta cada vez mais nos militares e em Walter Souza Braga Netto, um general que é chefe da Casa Civil e que assume um papel cada vez maior na opinião pública.

Moro, por sua vez, avaliam os observadores, continuará trabalhando na sua carreira política. A suposição é de que ele poderá ser um forte candidato da direita moderada na eleição presidencial de 2022.

Süddeutsche Zeitung – Bolsonaro, o desprezador da democracia, 28/04

Não, não carece mais de provas que Jair Bolsonaro é um desprezador da democracia. Ele dava declarações racistas, misóginas e homofóbicas mesmo antes de ser presidente. Além disso, ele é um fã ardoroso da ditadura militar, que o maior país da América do Sul até hoje não debateu, esclareceu e superou. Mesmo assim, os brasileiros o elegeram, há um ano e meio, para o cargo máximo do Estado porque estavam fartos da corrupção e desgovernos de antecessores de esquerda e direita. Hoje, de várias maneiras, é possível ver como isso foi devastador.

Nada no Brasil ficou melhor sob Bolsonaro, exceto a queda na taxa de criminalidade. Mas essa se deve a um enorme grau de violência policial. O balanço restante de Bolsonaro é um desastre.

Tagesschau.de – Crise após renúncia do "superministro”, 24/04

Ele era considerado um dos dois "superministros" do governo Bolsonaro: o ministro da Justiça, Sergio Moro, encaminhou sua renúncia e reclamou de uma grave intromissão política no trabalho da Polícia Federal.

No meio da crise do coronavírus, o Brasil desliza para uma crise de governo. Depois do ministro da Saúde, é a vez do Ministro da Justiça, Sergio Moro, sair. Isso tem o efeito de uma bomba para o Brasil, pois Moro era um dos dois "superministros" do presidente Jair Bolsonaro. E ele não escondeu os motivos: Bolsonaro tentou, por todos os meios, influenciar as investigações da Polícia Federal. Sobretudo ele tentou colocar alguém da sua confiança na chefia dos investigadores: ou seja, ele queria ter seu próprio araponga no comando da PF.

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Por quanto tempo Bolsonaro ainda vai conseguir se segurar?, 28/04

Os brasileiros estão pagando um preço elevado por seu presidente inconstante. Mas, enquanto os evangélicos e os militares ficarem quietos, Bolsonaro não tem o que temer.

Em nenhum outro país da América do Sul a população paga um preço tão caro pela incapacidade do governo de reagir de forma apropriada à pandemia de covid-19 do que no Brasil. Só que o dano causado pelo presidente Jair Bolsonaro com a sua estratégia de ridicularizar a doença vai muito além dos números exorbitantes de infecções e mortes.

Mas a perda de imagem causada pela saída de dois importantes ministros e pela substituição do chefe da Polícia Federal por uma pessoa de confiança ainda não é tão ameaçadora a ponto de Bolsonaro ter de temer pelo seu cargo.

Os evangélicos e os militares, os reais pilares do poder de Bolsonaro, continuam quietos. Até quando?

AS/ots

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