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O Brasil na imprensa alemã (16/12)

16 de dezembro de 2020

Entre os destaques estão a disputa política em torno da vacina contra covid-19, o impacto da derrota de Trump para o destino de Bolsonaro e um artista que produz máscara de proteção com o rosto de quem a encomenda.

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Pessoas andam em rua do Rio de Janeiro
Brasil na segunda onda: "número de infecções e mortes voltou a subir em quase todas as regiões do país", frisa jornalFoto: Mauro Pimentel/AFP

Neues Deutschland – Estupidez assassina no comando (16/12)

O Brasil está longe de superar a crise da saúde. O debate sobre a vacinação é usado para jogos de poder.

A crise da saúde atingiu o Brasil de forma particularmente forte. Nos últimos meses, porém, a vida pública no maior país da América Latina havia voltado um pouco ao normal. O presidente Bolsonaro, que chamou a covid-19 de "gripezinha", zombou dos doentes e teimosamente desconsiderou os conselhos das organizações de saúde. Recentemente, disse que o país estava no fim da pandemia.

As estatísticas falam uma língua diferente: o número de infecções e mortes voltou a subir em quase todas as regiões do país. Listas de espera para leitos de terapia intensiva, médicos sobrecarregados, equipamentos perdidos – as imagens de meses atrás parecem estar se repetindo. Mesmo o início dos meses quentes de verão não parece ser capaz de conter a pandemia. Alguns especialistas falam em uma segunda onda. Outros enfatizam que a primeira onda nunca terminou.

Mais de 180 mil pessoas já morreram de covid-19 no Brasil. E vários alertam para uma catástrofe grave se os brasileiros se reunirem em grandes grupos, como é costume no Natal e no Réveillon. No meio da pandemia, o debate sobre a vacinação está se tornando cada vez mais uma questão política.

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João Doria, o governador conservador de São Paulo, anunciou com orgulho que as vacinações em seu estado começariam no dia 25 de janeiro. Mas o governo federal está tentando por todos os meios impedir o uso de uma vacina chinesa. Suspeita-se de razões políticas por trás disso. Doria se tornou um oponente de Bolsonaro nos últimos meses, e o ex-apoiador do presidente de extrema direita é considerado um possível candidato para a eleição de 2022. Doria como salvador? O governo Bolsonaro quer evitar tal coisa a todo custo. Uma perigosa luta pelo poder no meio da crise.

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"Bolsonaro conseguiu instrumentalizar a ajuda emergencial do coronavírus para seus próprios fins", diz o filósofo Silvio Almeida. Segundo Almeida, da Universidade Mackenzie de São Paulo, a falta de empatia com as mortes da coronavírus é lógica em um país onde a vida tem um valor muito baixo. "Sempre houve uma naturalização da morte no Brasil. E isso é alimentado por este governo."

Stern – Será a queda de Trump o fim de Bolsonaro? (10/12)

Viktor Orbán na Hungria, Vladimir Putin na Rússia, Recep Tayyip Erdogan na Turquia – Donald Trump não é o único populista de direita que (ainda) está no poder. Mas ninguém é tão parecido com ele como o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Por muito tempo, o ex-paraquedista de 65 anos era considerado um palhaço pelo establishment político. Na campanha eleitoral, ele não convenceu com planos concretos de governo, mas principalmente com sua rejeição ao partido operário de esquerda PT. Desde que assumiu o cargo, em 2019, o "Trump latino-americano" vem impulsionando a repressão nas favelas, a reestruturação do aparelho estatal e o desmatamento da Amazônia.

Mesmo a pandemia do coronavírus aparentemente não prejudica Bolsonaro: embora ele tenha minimizado o vírus como "gripezinha", tenha sido contaminado por ele e o Brasil esteja sendo afetado pelo maior número de mortes em toda a América do Sul, sua popularidade até aumentou ligeiramente. O motivo: para muitos da classe trabalhadora, ele é um símbolo da luta contra a corrupção e é considerado um defensor dos valores familiares tradicionais. Mas poucos acreditam que ele vencerá a eleição novamente em dois anos.

Der Spiegel – O homem da máscara do Rio (11/12)

O artista Jorge Silva Roriz teve a ideia de pintar seu rosto numa máscara de proteção. Agora, ele está recebendo pedidos de todo o Brasil e tem encomendas agendadas para as próximas semanas.

No início, eram amigos que lhe pediram uma máscara. Então, os jornais noticiaram sobre o produto, e os pedidos aumentaram. Roriz diz que tem encomendas até janeiro.

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Uma máscara custa entre 8 e 15 euros, dependendo de quanto tempo o trabalho demore. Se sobra alguma coisa ao fim de um mês, ele diz que ajuda seus amigos, alfaiates, carpinteiros, dançarinos que estão morrendo de fome porque o grande desfile de Carnaval será cancelado no ano que vem.

Enquanto os hospitais ficam lotados novamente, uma cidade exausta tenta voltar ao normal. Os bares estão abertos novamente, os shoppings, as praias e as escolas. Claro, Roriz não mudou o curso dos eventos. Os usuários de máscara tendem a ser menos do que mais numerosos. Aqueles que usam máscara hoje estão menos interessados ​​em proteger o coletivo do que em se proteger.

Ao contrário de outros países, as máscaras no Brasil hoje parecem o símbolo de uma sociedade em que cada um faz o que quer depois de pesar os riscos. Não deixa de ser uma ironia que Roriz, alguém que realmente queria fazer algo pelo coletivo, colabore para levar esse individualismo a extremos.

Às vezes, diz ele, não se sente apenas um artista plástico, mas também um cirurgião plástico. Ele tem clientes que lhe pedem para engrossar um pouco os lábios. Outros querem ter o nariz um pouco mais estreito. Só quando alguém quer um sorriso é que ele nega. Isso não ficaria bem porque a costura teria que passar pelos dentes.

MD/ots