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O Brasil na imprensa alemã (21/08)

21 de agosto de 2019

No debate sobre aumento do desmatamento na Amazônia e a suspensão de repasses para projetos ambientais no Brasil, publicações da Alemanha propõem sanções econômicas para pressionar Bolsonaro e frear destruição florestal.

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Tronco carbonizado diante de área de floresta
Queimada na Amazônia: "Futuro desse ecossistema não pode depender apenas de Bolsonaro"Foto: picture-alliance/blickwinkel/G. Fischer

Der Spiegel – Chegou a hora de impor sanções contra o Brasil (17/08)

A Amazônia diz respeito a toda a humanidade. O desenvolvimento do clima do mundo depende da preservação da floresta tropical. Portanto, não devemos deixar a decisão sobre o futuro desse ecossistema apenas para o presidente extremista de direita do Brasil, Jair Bolsonaro. A Europa não deve assistir inerte enquanto um cético da ciência, movido por preconceitos e pelo ódio, sacrifica vastas áreas de selva em favor de pecuaristas e plantações de soja.

(…)

Chegou a hora de se pensar em sanções diplomáticas e econômicas contra o Brasil. Os produtos agrícolas brasileiros devem desaparecer dos supermercados da UE se não for possível comprovar que foram produzidos em condições ambientalmente justas. Os poderosos grandes fazendeiros, que apoiam decisivamente Bolsonaro, devem sentir que sua atitude tem um preço. Porque seu ídolo não só inflige danos imensuráveis a seu próprio país, mas ao mundo todo.

Die Zeit – Atingir onde mais dói (14/08)

Mas a questão crucial permanece: de que adianta cortar o dinheiro para a conservação da floresta de um parceiro que, de qualquer forma, não tem mesmo interesse na conservação da floresta – e ainda responde à pressão pública com ostensiva teimosia, ao invés de mostrar disposição em conversar?

Talvez seja mais promissor atingir o Brasil num ponto que mais dói: os interesses econômicos de seus exportadores, como, por exemplo, dos agricultores, que vendem soja e carne bovina em larga escala para metade do mundo. A União Europeia é um dos principais importadores e acaba de assinar um acordo de livre comércio com o Mercosul, o mercado comum sul-americano, como anunciado orgulhosamente pelos representantes dos Estados participantes na cúpula do G20 em Osaka. O Brasil é o maior membro do Mercosul.

É verdade que o acordo contém cláusulas sobre proteção climática e florestal. Mas, segundo se sabe até agora – por enquanto só existe uma versão preliminar do texto –, elas permanecem bastante gerais. Elas não estabelecem referências claras para medir se as partes cumprem suas promessas, nem definem sanções. E, para Bolsonaro, o papel tem paciência. De qualquer forma, desde a assinatura do acordo de livre comércio, nada indica que o governo brasileiro realmente esteja se esforçando em prol de políticas climáticas eficazes ou da proteção da Floresta Amazônica.

Se a UE deixasse claro que só importa produtos de soja e carne bovina que foram comprovadamente produzidos respeitando a proteção das florestas tropicais e que, de outra forma, paralisará as importações, isso seria um meio de pressão poderoso. Os agricultores brasileiros são – juntamente com os evangélicos e os militares – importantes apoiadores de seu presidente. Jair Bolsonaro dificilmente pode se dar ao luxo de irritá-los.

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Briga de poder pela floresta tropical (20/08)

Para o presidente brasileiro, a Amazônia é uma "virgem". Que agora está ameaçada. "Pervertidos" querem atacá-la, disse recentemente Jair Bolsonaro, se referindo à Europa. Os europeus, segundo ele, fingem proteger a Amazônia para explorá-la no futuro. "Eles acham que a Amazônia não pertence aos brasileiros."

Bolsonaro recusa conselhos e avisos sobre como ele deve lidar com os cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados de área florestal em seu país. Ele quer promover o desenvolvimento econômico da Amazônia sem ser perturbado. Suas palavras caem em terreno fértil no país, revivendo um velho medo dos brasileiros de que a floresta tropical possa cair em mãos de uma potência estrangeira ou ser colocada sob administração internacional. Isso vem do tempo da ditadura militar. Sob o medo de se perder o controle da Amazônia, na época, estradas foram cortadas através da floresta, e colonos foram enviados para a região. Massacres da população indígena se seguiram.

(...)

Em Berlim, impera um sentimento de insegurança. É difícil se saber com quais meios Bolsonaro pode ser convencido a mudar de atitude em relação ao tema Amazônia – se é que isso é possível. A mesma questão surge com relação ao acordo de livre comércio entre a UE e a cooperação sul-americana Mercosul. As negociações foram concluídas no início de julho, e o governo em Brasília celebrou o acordo como um sucesso revolucionário. No pacto, o país se compromete a implementar o Acordo de Paris sobre Mudança do Clima e combater o desmatamento. Os europeus podem tornar a conservação da floresta tropical uma condição para diminuir tarifas? Ou será que isso teria o efeito exatamente oposto sobre Bolsonaro? Naturalmente, existe também a preocupação de que o acordo crie um incentivo para desmatar mais terras florestais, a fim de aumentar a cota de exportação de soja, por exemplo. A França já anunciou que não ratificará o acordo se o Brasil não combater o desmatamento na Amazônia.

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