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Nova Zelândia homenageia vítimas do massacre de Christchurch

22 de março de 2019

Milhares de pessoas comparecem a solenidade em frente a uma das mesquitas que foram alvo do atentado. Tributos às 50 vítimas ocorrem por todo o país, que mostra unidade perante a tragédia.

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Em torno de 20 mil pessoas se reuniram no parque Hagley, próximo a mesquita Al Noor em Christchurch
Em torno de 20 mil pessoas se reuniram no parque Hagley, próximo a mesquita Al Noor em ChristchurchFoto: Reuters/E. Su

O chamado para as preces muçulmanas ecoou nesta sexta-feira (22/03) em Christchurch e em toda a Nova Zelândia, seguido por dois minutos de silêncio observados em todo o país em homenagem aos 50 mortos no massacre ocorrido em duas mesquitas.

A convocação para as tradicionais preces de sexta-feira, uma semana após o ataque, foi transmitida pelas emissoras de rádio e televisão públicas, enquanto cerca de 20 mil pessoas, incluindo a primeira-ministra, Jacinda Ardern, se reuniram em um parque próximo à mesquita Al Noor, onde morreram 42 das vítimas.

O imã Gamal Fouda, da mesquita de Al Noor, agradeceu o amplo apoio recebido em todo o país. "Esse terrorista tentou despedaçar nossa nação com uma ideologia maligna, mas, ao invés disso, mostramos ao mundo que a Nova Zelândia é inquebrantável."

"Estamos com o coração partido, mas não estamos destruídos. Estamos vivos. Estamos juntos. Estamos determinados a não deixar que ninguém nos divida", disse o imã aos milhares que compareceram à solenidade.

"Às famílias das vítimas, lhes digo que seus entes queridos não morreram em vão. Seu sangue regou as sementes da esperança", afirmou, durante as preces transmitidas em rede nacional. Ele agradeceu à primeira-ministra pela compaixão demonstrada após o ataque. Sua postura foi uma lição para os líderes mundiais, afirmou.

O imã Gamal Fouda (e) realiza as preces na mesquita Al Noor, onde 42 pessoas morreram
O imã Gamal Fouda (e) realiza as preces diante da mesquita Al Noor, onde 42 pessoas foram mortasFoto: picture-alliance/AP Photo/V. Thian

O imã denunciou também o preconceito contra os muçulmanos. "A islamofobia é real. É uma campanha que visa influenciar as pessoas para desumanizar e temer irracionalmente os muçulmanos. Temer o que vestimos, as opções de comidas que comemos, o modo como rezamos e como praticamos a nossa fé", afirmou. Os muçulmanos representam pouco mais de 1% da população neozelandesa.

Em todo o país, milhares de pessoas prestaram suas homenagens, alguns formando correntes humanas ao redor de mesquitas enquanto outros se uniam às preces em escolas, cafés e locais de trabalho. Nesta sexta-feira, muitas mulheres cobriram suas cabeças com véus, num gesto de apoio à comunidade muçulmana impulsionado pela iniciativa Headscarf for Harmony ("véus pela harmonia"), o que também fez com que a hashtag #headscarfforharmony se tornasse uma dos temas mais populares no Twitter.

"Quando qualquer parte do corpo sofre, o corpo como um todo sente a dor. A Nova Zelândia sofre com vocês. Somos um", disse Ardern, em um breve discurso antes dos minutos de silêncio, um dia depois de ter anunciado a proibição da venda de fuzis de assalto e armas semiautomáticas como as que foram usadas pelo extremista que realizou os ataques.

Primeira-ministra Jacinda Ardern participa das homenagens às vítimas em Christchurch
Primeira-ministra Jacinda Ardern participa das homenagens às vítimas em ChristchurchFoto: picture-alliance/AP Photo/M. Baker

Ardern também usava um véu sobre a cabeça, assim como as policiais presentes no local, que também traziam rosas em seus uniformes. Nesta sexta-feira, a polícia divulgou que investiga uma ameaça de morte contra a primeira-ministra.

O jornal New Zealand Herald relatou que uma postagem no Twitter com a foto de uma arma e a legenda "você é a próxima" foi enviada para a líder do país.

Após a cerimônia na mesquita, milhares de pessoas se reuniram para o funeral de 26 vítimas do massacre, incluindo o menino Mucaad Ibrahim, de 3 anos, no mesmo cemitério onde já haviam sido enterradas outras 12 vítimas.

O extremista australiano de 28 anos acusado de cometer o massacre em Christchurch está sob custódia sem direito à fiança. Ele retornará aos tribunais em 5 de abril. A maioria das vítimas era de migrantes de países como Paquistão, Índia, Malásia, Indonésia, Turquia, Somália, Afeganistão e Bangladesh.

RC/rtr/lusa/dpa

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