"Nova Alemanha" põe vida em jogo contra a Argentina
29 de junho de 2006Catastrófico, decepcionante, melancólico ou simplesmente triste? O que pensaria e sentiria o povo alemão em caso de uma derrota de seu país para a Argentina nesta sexta-feira, em Berlim, em jogo das quartas-de-final da Copa do Mundo que começa às 17 horas (12h de Brasília)?
Mais. O que seria da "nova Alemanha" criada por Jürgen Klinsmann, que foi contra tudo e contra todos para impor as suas idéias? Ele, pelo menos, já disse: "Nada, além da final, me satisfaz".
É difícil imaginar quais seriam as conseqüências de uma eliminação dentro de casa. Principalmente quando se leva em consideração a euforia desta torcida criada, principalmente, pela adoção por parte da seleção de uma mentalidade ofensiva inédita para o futebol do país. Aquela que é plano para o duelo decisivo: pressionar desde o começo e marcar gols logo.
Mas a grande prova do time é esta na capital. Até agora o revolucionário treinador foi o incentivador de seus jovens talentos em partidas contra a Costa Rica, a Polônia, o Equador e a Suécia, adversários de passado irreconhecível em comparação ao da potência da tricampeã mundial.
Algo louvável e de resultados impressionantes, sem dúvidas. Para críticos, torcedores e autoridades. "Quem pára estes alemães?", questionou o presidente da Fifa, Joseph Blatter. "O futebol da Alemanha mudou. E eu sinto que existe um ambiente propício para o surgimento de um campeão", sentenciou o lendário Franz Beckenbauer.
"Eu, particularmente, já considero uma grande vitória tudo o que a Alemanha conquistou nesta Copa em termos de evolução no futebol e amor de sua torcida", comentou Giovane Élber, o maior artilheiro estrangeiro da história do futebol alemão.
História, provocações e sonhos
O maior clássico da Copa 2006 até agora é simplesmente a reedição de duas finais de Mundiais. E um verdadeiro tira-teima. A Argentina venceu a Alemanha em 1986, no México. A Alemanha venceu a Argentina em 1990, na Itália.
"A Argentina é um time grande, mas nós sabemos que podemos vencê-los", atreveu-se o centroavante Klose, artilheiro do torneio até o momento com quatro gols. "E, sem duvidar, nós queremos esta vitória."
Klose, ao lado do jovem Podolski, 21, é uma das marcas da "revolução Klinsmann" que criou esta "nova Alemanha". Ambos, ao lado de Huth, Lahm, Schweinsteiger e muitos outros, barraram atletas consagrados no país para formar o elenco que busca o tetra dentro de casa. Eles simplesmente marcaram sete dos dez gols alemães até agora.
A euforia da torcida contagiou o grupo germânico em um sistema de "ação e reação" perfeito. Mas a Argentina, por sua vez, parece ter a resposta exata para o questionamento de Joseph Blatter.
O time sul-americano vem do grupo mais difícil da fase de classificação, vencendo a Costa do Marfim por 2 a 1, a Sérvia e Montenegro por impressionantes 6 a 0 e empatando sem gols com a Holanda. Nas oitavas, mostrou força física e psicológica para eliminar o México na prorrogação por 2 a 1.
"A Argentina veio para a Alemanha para vencer, não importa quem esteja no nosso caminho. Nós podemos causar muitos danos ao nosso adversário nesta sexta-feira. Manteremos a humildade e os pés no chão, e decidiremos em campo", avisou o atacante Saviola.
Luis González está recuperado de uma lesão e à disposição do treinador Jose Pekerman, mas Burdisso ainda é uma dúvida na lateral-direita. Cufre, ao invés de Scaloni, deve ser o substituto.
ALEMANHA x ARGENTINA
Data: 30/6/2006 (Sexta-feira)
Local: Estádio Olímpico de Berlim
Horário: 17 horas (12h de Brasília)
Árbitro: Lubos Michel (Eslováquia)
Auxiliares: Roman Slysko e Martin Balko (ambos eslovacos)
Prováveis escalações
Alemanha
Lehmann; Friedrich, Mertesacker, Metzelder e Lahm; Frings, Schneider, Ballack e Schweinsteiger; Podolski e Klose
Técnico: Jürgen Klinsmann
Argentina
Abbondanzieri; Cufre, Ayala, Heinze e Sorin; Luis González, Mascherano, Riquelme e Maxi Rodriguez; Saviola e Crespo
Técnico: Jose Pekerman