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Futuro da Opel

16 de março de 2009

Numa viagem de três dias aos EUA, o ministro alemão da Economia pretende esclarecer com a General Motors e com o governo norte-americano questões essenciais para aprovar a ajuda do Estado alemão à Opel.

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Karl-Theodor zu Guttenberg viaja a Nova York e WashingtonFoto: picture-alliance / dpa

Se a Opel sobreviveria a uma eventual separação da matriz General Motors, tornando-se uma montadora puramente europeia, é algo que depende sobretudo da concessão de verbas estatais de 3,3 bilhões de euros – seja na forma de um empréstimo, seja uma fiança. Isso, por sua vez, depende de a empresa manter ou não a licença de montar carros.

Entre as questões a serem discutidas pelo ministro alemão da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, durante sua viagem a Washington e Nova York, a das patentes é fundamental. Será que a Opel as manteria após uma separação da GM? É justamente isso que ele espera esclarecer com a presidência da matriz norte-americana.

Declarações recentes do chefe da GM na Europa, Carl-Peter Forster, tendem mais para a dúvida: "Nos EUA, não só as patentes, mas também as subsidiárias foram empenhadas. Em decorrência da reestruturação do segmento europeu, estas deverão ser todas reunidas sob o nome Opel. Para essa transação, também precisamos da autorização do governo americano."

Patentes transferidas para uma outra subsidiária

Já no início de 2005, a GM tinha transferido todos os direitos de patente para a GTO, uma subsidiária criada especialmente para tal. O diretor fiscal da Opel, Friedhelm Wenzel, explicou que as patentes da montadora foram cedidas à GTO por uma quantia superior a 1 bilhão de euros.

Para Carl-Peter Forster, no entanto, isso não deve ser motivo de preocupação: "Qualquer um no conglomerado pode ter acesso [às patentes] pagando uma taxa de licença bem definida, algo que já foi averiguado do ponto de vista fiscal. Essa é uma solução provavelmente adotada por quase todos os conglomerados internacionais, partindo-se sempre do pressuposto de que as filiais pertencem 100% às matrizes."

Mas o que aconteceria, no entanto, se a Opel não pertencesse mais 100% à GM ou se, por meio do Estado ou de um investidor privado, acabasse se desligando da matriz? Então a Opel não apenas seria pequena demais na concorrência global, como também ficaria sem qualquer know-how tecnológico?

Sem esconder um certo nervosismo, o executivo da Opel tenta acalmar os ânimos, afirmando que todas as patentes da subsidiária estarão a disposição de um potencial comprador da empresa.

GM não teria vantagens em trancar patentes

A questão das patentes é encarada com mais tranquilidade entre os pesquisadores. Ferdinand Dudenhöffer, especialista em indústria automobilística da Universidade de Duisburg-Essen, explica sua posição usando o exemplo do mais novo modelo da Opel, o Insignia:

"O modelo subsequente, o próximo Insignia, não precisa ser feito com a General Motors. É possível fazê-lo numa plataforma com a BMW, por exemplo, ou com outros. Ou seja, deve-se definir o que pode ser usado e usar as patentes enquanto forem úteis. Para a GM também não faz sentido nenhum trancar as patentes num cofre e deixá-las expirar. O que faz sentido é usá-las e elas seriam utilizadas pela Opel."

Nos Estados Unidos, o ministro Guttenberg não quer apenas abordar a questão das patentes, mas também obter uma idéia mais precisa da situação da General Motors em reuniões com a Secretaria de Finanças em Washington. Para que o Estado alemão se decida a dar dinheiro à Opel, é necessário ter uma imagem clara da situação da matriz.

Procura-se um investidor

Na semana passada, a presidência da GM teve um encontro com a Comissão Europeia, em Bruxelas. A empresa queria sondar se a concessão de eventuais verbas estatais para a Opel seria conciliável com o direito de concorrência europeu.

Mas uma coisa deve ficar clara: enquanto a Opel, em seus planos de se desligar da GM, não encontrar um investidor que queira comprar o segmento europeu junto com o Estado, os cofres públicos ficarão fechados. E é justamente esse o problema.

O presidente da Opel Europa, Carl-Peter Forster, confessou que ainda não há investidores em vista. Muito pelo contrário. Alguns dos concorrentes cogitados, como o conglomerado indiano Tata, a BMW, a Daimler ou a Peugot já deram sinais ostensivos de recusa.

Mesmo assim, Carl-Peter Forster acha que não há razões para duvidar do futuro da empresa: "A Opel como marca, perfeitamente consolidada na Europa, pode ganhar dinheiro e continuar sendo rentável e bem-sucedida".

Nesse sentido, as conversas do ministro Guttenberg nos EUA são apenas o começo.

Autor: Richard Fuchs
Revisão: Alexandre Schossler