No G-7, Alemanha e EUA seguem bons amigos
29 de setembro de 2002Após a confirmação do governo social-democrata e verde pelas urnas no dia 22, a Casa Branca nem sequer parabenizou Schröder pela vitória eleitoral e advertiu que o restabelecimento da normalidade diplomática entre os dois países não seria fácil. Como que para provar isto, no encontro da Otan em Varsóvia, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, não trocou uma palavra com o colega alemão, Peter Struck. Mais que isto, abandonou deliberadamente um jantar pouco antes de Struck discursar.
O gelo americano, porém, parece estar se derretendo com menos de uma semana. Após palavras mais amenas da Casa Branca e do secretário de Estado, Colin Powell, seu colega do Tesouro não fugiu do representante alemão na conferência de ministros das Finanças do G-7 na capital americana, na sexta-feira, como relatou Hans Eichel: "O encontro foi tão amigável e cordial como sempre. Isto não muda, porém, a diferença de ponto de vista quanto à intervenção no Iraque."
Para o ministro alemão, as divergências na ONU sobre a melhor política com Bagdá representam uma das principais causas da crise de credibilidade no mercado financeiro mundial. "No momento, há grande insegurança e falta confiança no futuro. É um problema fundamental para a economia. Também a situação no Oriente Médio influi."
Eichel aponta o escândalo dos balanços falsificados de empresas nos EUA como outro fator de insegurança no mercado financeiro. Os ministros do G-7 decidiram cobrar maior transparência na contabilidade das empresas e fortalecer a independência das auditorias. Eles esperam aprovar no Fórum de Estabilidade Financeira, do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma proposta conjunta de padronização mundial dos balanços.
Se seu colega norte-americano lhe poupou de constrangimentos, o ministro alemão não escapou das críticas do presidente do Banco Central Europeu, que também participou da reunião do G-7. "Os resultados da política fiscal de muitos países do euro são extremamente decepcionantes", disparou Wim Duisenberg.
A Alemanha está entre os vilãos. Além de registrar o menor crescimento econômico da comunidade (0,5% este ano, segundo nova previsão do FMI), seu atual déficit orçamentário está no limite do Pacto Europeu de Estabilidade e, segundo a revista Der Spiegel, Eichel prepara no momento uma revisão do orçamento para 2003 que elevaria o déficit público a 3,5% do PIB, ou seja, meio ponto percentual acima do teto acertado entre os países da zona do euro.