1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Nissan afasta Carlos Ghosn da presidência do conselho

22 de novembro de 2018

Colegiado da montadora aprova por unanimidade afastamento de executivo franco-brasileiro investigado por violações financeiras no Japão. Ghosn estaria envolvido numa série de abusos cometidos na empresa.

https://p.dw.com/p/38j7L
Executivo Carlos Ghosn
Carlos Ghosn foi detido na segunda-feira por supostamente ter declarado renda inferior à que tinha recebidoFoto: picture.alliance/AP Photo/M. Euler

O conselho de administração da Nissan decidiu nesta quinta-feira (22/11) afastar Carlos Ghosn do cargo de presidente do colegiado da montadora, após ele ter sido detido no Japão por suspeita de sonegação e fraude fiscal.

O conselho aprovou o afastamento do empresário, de 64 anos, por unanimidade, após quatro horas de reunião extraordinária convocada na sede da Nissan em Yokohama, ao sul de Tóquio, informou a emissora estatal NHK.

A decisão, que deverá ser ratificada pelos acionistas da segunda maior fabricante japonesa de veículos, põe fim à liderança exercida pelo diretor franco-brasileiro durante quase duas décadas na Nissan, cargo que conciliou com os de presidente-executivo da Renault e chefe do Conselho de Administração da Mitsubishi, além de ter exercido a função de responsável pela aliança formada por essas três empresas.

A Renault já tinha afastado Ghosn, e a Mitsubishi Motors deve fazer o mesmo na próxima semana. Além disso, o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, deve se encontrar com seu homólogo japonês, Hiroshige Seko, para conversações sobre o futuro da aliança entre as três montadoras.

O conselho de administração da Nissan também votou pela afastamento do diretor Greg Kelly, que supostamente também teria cometido irregularidades fiscais e, consequentemente, colaborado com Ghosn.

Na segunda-feira, Ghosn foi detido em Tóquio por supostamente ter declarado às autoridades japonesas renda inferior à recebida. Segundo a promotoria, ele teria declarado apenas metade do salário recebido em cinco anos a partir de 2011.

"Foram descobertos vários outros atos significativos de má conduta de Ghosn, como o uso pessoal de ativos da empresa", disse a montadora.

Na quarta-feira, um tribunal distrital de Tóquio aprovou um pedido do Ministério Público para manter Ghosn e Kelly detidos por dez dias.

Nascido no Brasil, cidadão francês e descendente de libaneses, Ghosn liderou uma notável recuperação da Nissan iniciada há cerca de duas décadas. Nesse período, Ghosn ajudou a resgatar a montadora da quase falência com uma aliança de capital com a francesa Renault.

Conhecido por ser um agressivo redutor de custos, Ghosn se tornou diretor de operações da Nissan em 1999 e, posteriormente, atuou como CEO da montadora japonesa de 2001 a 2017, quando Hiroto Saikawa assumiu o cargo.

A remuneração de Ghosn era alta para os padrões japoneses e era questionada há anos. De acordo com emissoras japonesas, a empresa pagou a Ghosn quase 10 bilhões de ienes (89 milhões de dólares) durante cinco anos, mas apenas 5 bilhões de ienes (44 milhões de dólares) foram declarados.

PV/dpa/efe

____________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 

WhatsApp | App | Instagram | Newsletter