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Netflix repensa modelo de negócios após perder assinantes

20 de abril de 2022

Plataforma de streaming cogita limitar compartilhamento de contas e divulgar anúncios publicitários, após perder 200 mil usuários no 1º trimestre de 2022. Ações da empresa perdem um terço do valor.

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Mão segurando um controle remoto em frente a tela com logo da Netflix. Plataforma já projeta para o segundo trimestre de 2022 a perda mais dois milhões de assinaturas.
Netflix projeta para o segundo trimestre de 2022 perder mais dois milhões de assinaturasFoto: Jaap Arriens/ZUMA Press/imago images

A queda acentuada no número de assinantes fez com que plataforma de streaming Netflix passasse a considerar mudanças que há muito vinha tentando evitar: limitar o compartilhamento de senhas e criar planos de assinaturas a preços mais baixos, que incluam anúncios.

As possíveis mudanças, anunciadas na noite de terça-feira (19/04), seriam uma tentativa de fazer com que o serviço volte a ganhar força, após a empresa perder impulso em 2021, na sequência do crescimento observado durante a pandemia de covid-19, e depois que concorrentes de peso como a Apple e a Disney passaram a investir em seus próprios serviços de streaming.

Segundo um relatório da empresa, a base de assinantes da Netflix diminuiu em 200 mil no primeiro trimestre de 2022. Foi a primeira retração registrada pela plataforma desde que passou a ser disponibilizada em praticamente todo o mundo – exceto a China – há seis anos.

A queda tem origem, em parte, na decisão da empresa de deixar o mercado da Rússia em protesto contra a guerra na Ucrânia, o que resultou na perda de 700 mil assinantes. A Netflix já projeta para o segundo trimestre de 2022 a perda de mais dois milhões de assinaturas.

Essa queda, após um ano de um crescimento progressivamente mais lento, gerou preocupações nos investidores. As ações despencaram mais de 25% no horário estendido dos mercados, na noite de terça-feira, após o Netflix divulgar o relatório com a performance frustrante no primeiro trimestre.

Auge na pandemia

Nesta quarta-feira, a Netflix Inc. já vinha perdendo um terço de seu valor de mercado. Em Wall Street, o valor das ações da empresa caiu 37%, e caminhava para o seu pior dia em quase 18 anos de história.

Os números atuais revelam um amplo contraste com a situação da empresa há pouco mais de dois anos.

Os lockdowns impostos em vários países durante a pandemia foram bastante benéficos para a Netflix. Em 2020, a empresa ganhou 36 milhões de novos assinantes, o maior crescimento anual registrado desde a criação da plataforma de streaming em 2007, quando ainda era oferecida gratuitamente, de maneira complementar ao serviço de locação de DVDs pelos correios, nos Estados Unidos.

A plataforma, com sede em Los Gatos, na Califórnia, estima que 100 milhões de domicílios em todo o mudo estejam acessando o serviço gratuitamente por meio de contas de amigos ou parentes, incluindo 30 milhões de pessoas nos Estados Unidos e no Canadá.

"Estes são 100 milhões de domicílios que já optaram por assistir a Netflix", disse o CEO da empresa, Reed Hastings. "Temos somente que sermos pagos por eles de alguma forma."

Compartilhamento de contas

Para atrair um número maior de pagantes, a plataforma sinalizou que irá expandir um programa experimental em andamento no Chile, Costa Rica e Peru. Nesses países, os assinantes podem ampliar o acesso a um segundo domicílio por um preço mais baixo.

Na Costa Rica, por exemplo, o preço de um plano da Netflix varia entre 9 e 15 dólares por mês (em torno de 41 e 69 reais), mas os usuários podem compartilhar sua conta com outra residência por três dólares mensais.

A plataforma não forneceu maiores informações sobre a possível criação de um serviço a custos mais baixos com a inclusão de anúncios. Um de seus rivais, a Hulu, já oferece essa possibilidade a seus assinantes há muito tempo.

A empresa acredita que a medida poderá ajudar a aumentar sua base de clientes, de 221,6 milhões de assinantes, mas, em contrapartida, arrisca excluir muitos usuários, o que poderia resultar no cancelamento de assinaturas.

rc/bl (AP, Reuters)