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Na ONU, Biden diz que não busca "Guerra Fria" com a China

21 de setembro de 2021

Presidente americano afirma que principais desafios do mundo não podem ser resolvidos com a força militar. Democrata também exalta vacinas e promete mais cooperação contra mudanças climáticas.

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New York UN Vollversammlung | Rede Präsident Joe Biden
Joe Biden na sede da ONU em Nova York. Esse foi o primeiro discurso do democrata na organização desde o início do seu governoFoto: EDUARDO MUNOZ/REUTERS

Em seu primeiro discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, o presidente Joe Biden afirmou nesta terça-feira (21/(09) que os Estados Unidos estão de volta à mesa de negociações internacionais, em franco contraste com a posição de seu antecessor, Donald Trump.

"O mundo precisa cooperar mais do que nunca para enfrentar os desafios globais", declarou no primeiro dia da Assembleia-Geral, diante de "uma década decisiva para o nosso mundo". Entre esses desafios o presidente americano listou as mudanças climáticas.

"Em abril, anunciei que os Estados Unidos dobrarão nosso financiamento público internacional para ajudar países em desenvolvimento no combate à crise climática. Hoje, estou orgulhoso em anunciar que trabalharemos com o Congresso para dobrar este número novamente, incluindo para esforços de adaptação, para tornar os Estados Unidos líderes no financiamento público sobre o clima", disse Biden.

O presidente democrata também anunciou uma ajuda de US$ 100 bilhões para que os países em desenvolvimento combatam mudanças climáticas. Ele também disse que seu governo planeja um plano de ajuda de US$ 10 bilhões para a luta contra a fome.

Biden falou na ONU logo depois do presidente Jair Bolsonaro, que fez um discurso voltado para sua base no qual exaltou o ineficaz "tratamento precoce" contra a covid-19 e criticou a criação de passaportes sanitários.

O americano disse também que os EUA estão prontos para retomar, em 2022, um assento no Conselho de Direitos Humanos, de onde Trump retirou o país em 2018, sob a acusação de o órgão ser contrário a Israel.

Sobre o Afeganistão, ele afirmou que os Estados Unidos estão abrindo "uma nova era de uma diplomacia intransigente" depois do fim da guerra e que "a força militar dos EUA deve ser a última opção".

Biden também usou o palco na ONU para defende a retirada dos militares americanos que estavam no Afeganistão desde 2001. "Terminamos 20 anos de conflito no Afeganistão, e estamos abrindo uma nova era de forte diplomacia, de uso do poder do desenvolvimento para investir em novas formas de ajudar os povos mundo afora", discursou.

"Os EUA não são mais o mesmo país que foi atacado no 11 de Setembro, há 20 anos. Hoje, somos melhor equipados para detectar e prevenir ameaças terroristas e somos mais resilientes na nossa capacidade de combatê-las", disse.

Ele ainda reiterou o comprometimento dos EUA a impedir que o Irã obtenha armas nucleares e ofereceu a opção de um retorno completo do país ao acordo nuclear se o Irã fizer o mesmo.

Em referência à China, declarou que "os Estados Unidos não querem uma nova Guerra Fria" e acrescentou que está pronto para cooperar com qualquer país que busque a paz. Segundo Biden, os EUA "estão prontos para trabalhar com todas as nações que se comprometam e procurem uma solução pacífica para partilhar os desafios, mesmo que existam intensos desacordos em outros domínios".  

Por outro lado,  sem se referir diretamente à rival China, ele advertiu que "os Estados Unidos vão participar na competição, e participar com vigor". "Com os nossos valores e a nossa força, vamos defender os nossos aliados e os nossos amigos e opor-nos às tentativas dos países mais fortes de dominarem os mais fracos", sustentou, na perspectiva que tem repetido de combater "as autocracias" e "defender a democracia".  

Os Estados Unidos ainda priorizam uma diplomacia séria e sustentável para a completa desnuclearização da Península Coreana, disse.

Por fim, Biden também defendeu a aplicação de vacinas e exaltou as doações de doses feitas pelos EUA e outras nações. "O luto compartilhado é um lembrete de que nosso futuro coletivo está associado à nossa capacidade de reconhecer nossa humanidade em comum e de agirmos juntos", disse.

jps/as (Lusa, EFE, AFP)