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Número "sem precedentes" de elefantes mortos em Botswana

5 de setembro de 2018

ONG Elefantes sem Fronteiras afirma ter encontrado 90 carcaças de animais vítimas da caça ilegal, o que sugere aumento da demanda por marfim. Governo do país contesta esses dados.

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Calcula-se que existam 130 mil elefantes africanos em Botswana, mais do que em qualquer outro país da África
Calcula-se que existam 130 mil elefantes africanos em Botswana, mais do que em qualquer outro país da ÁfricaFoto: picture-alliance/blickwinkel/P. Espeel

Botswana, considerado por muito tempo um refúgio para os elefantes africanos, enfrenta ameaças cada vez maiores de grupos de caçadores ilegais. As mortes desses animais no país sul-africano vêm aumentando consideravelmente, após a caça ilegal ter eliminado um grande número de manadas em países como Zâmbia e Angola.

A organização Elefantes sem Fronteiras afirmou nesta terça-feira (04/09) que foram encontradas as carcaças de ao menos 90 elefantes mortos recentemente por caçadores.

A descoberta ocorreu em meio a um recenseamento realizado pelo grupo juntamente com o Departamento de Vida Selvagem e Parques Nacionais de Botswana com o objetivo de contabilizar o número desses mamíferos no país, afirmou Mike Chase, diretor da ONG. Em um levantamento semelhante realizado em 2014, foram encontradas apenas nove carcaças.

Calcula-se que existam mais de 130 mil elefantes africanos nos parques nacionais e vastas áreas abertas de Botswana, número superior ao de qualquer outro país do continente africano.

Os animais mortos encontrados pelos pesquisadores da ONG eram, na maioria, adultos, que teriam presas grandes. "Iniciamos a pesquisa no dia 10 de julho", explicou Chase. "A cada dia contamos mais elefantes mortos."

"A escala da caça aos elefantes é de longe a maior que já vi ou li sobre na África até hoje", afirma Chase.

Os animais teriam sido mortos com fuzis de alto calibre em zonas de água próximas ao santuário da vida selvagem no delta do rio Okavango. Segundo o diretor da ONG, os crânios foram abertos "presumivelmente com machados muito afiados para a remoção das presas". Em alguns casos, as trombas também foram removidas.

"Há claramente uma demanda por presas de um determinado peso; desconfio que a procura seja grande por peças volumosas de marfim, considerando que restam poucos animais de presas grandes na África", disse Chase.

"A escala da caça aos elefantes é, de longe, a maior que já vi ou li a respeito na África até hoje", alertou, ressaltando que o aumento da atividade dos caçadores coincide com um desarmamento dos vigias dos parques nacionais no início do ano.

O governo de Botswana rejeitou a contagem das carcaças divulgada pela ONG, assim com a explicação dada para as mortes. "Essas estatísticas são falsas e enganosas", afirma um comunicado divulgado no perfil oficial do governo do país no Twitter.

"Em nenhum momento nos últimos meses, ou recentemente, 87 ou 90 elefantes foram mortos em um incidente em qualquer lugar de Botswana", diz a nota, se referindo aos números de mortes divulgados na imprensa.

As autoridades dizem que os pesquisadores contabilizaram 53 carcaças entre julho e agosto e que a maioria desses animais morreu de "morte natural".

O comunicado confirma que o governo removeu as armas dos vigias, mas negou que isso pudesse ter criado "qualquer vácuo nas operações de combate à caça ilegal". "O governo reitera o fato de que a vida selvagem segue sendo um patrimônio nacional que nossos cidadãos protegerão a qualquer preço."

Anteriormente, Botswana adotava uma política de tolerância zero à caça ilegal, incluindo a permissão aos vigias de "atirar para matar".

O aumento da caça ilegal em Botswana pode ser reflexo de uma movimentação dos caçadores para novos territórios, uma vez que as condições se tornam mais difíceis nas regiões em que normalmente operam, seja em razão da escassez de elefantes em consequência da caça ou pela repressão às atividades ilegais.

O combate à prática obteve algumas vitórias recentes, como a proibição do comércio de marfim na China, o maior país consumidor do item.

Especialistas, porém, alertam que o número anual de mortes ainda supera o de nascimentos, e que o avanço de novos assentamentos humanos reduz o território dos animais.

RC/afp/ap/ots

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