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SaúdeHolanda

Museus viram salões de beleza em protesto na Holanda

20 de janeiro de 2022

Salas de concertos e museus holandeses oferecem cortes de cabelo e manicure para protestar contra medidas que permitem abertura de lojas, salões de beleza e academias, mas não dos centros dos cultura.

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Cabelereira trabalha em protesto contra restrições na sala e concertos de Amsterdã. Moça tem o cabelo cortado enquanto uma orquestra ensaia ao vivo.
Cabelereira trabalha em protesto contra restrições na sala e concertos de AmsterdãFoto: Piroschka van de Wouw/REUTERS

Museus e salas de concerto da Holanda reabriram por um breve período nesta quarta-feira (19/01), ainda que de maneira inusitada, em protesto contra o fechamento dos centros de cultura imposto pelo governo para conter a disseminação do coronavírus.

No último final de semana o governo holandês relaxou o lockdown em vigor há um mês ao permitir a reabertura de salões de beleza, lojas e academias de ginástica. Os centros de cultura, porém, ainda devem permanecer fechados.

Por esse motivo, os famosos museus de Amsterdã, assim como sua histórica sala de concertos, ofereciam sessões de ioga, cortes de cabelo e manicure.

Aproximadamente 70 locais em todo o país foram notificados pelas autoridades, enquanto durou o dia de protestos.

Corte de cabelo ao som de orquestra

Em torno de 50 pessoas foram recebidas no Kapsalon Concertgebouw ("Sala de concertos dos cabelereiros”), para terem seus cabelos cortados ao som de um ensaio de uma orquestra, no edifício de 130 anos.

"Não compreendemos e não há fundamentos para isso [o fechamento dos locais de cultura], porque já demostramos nos últimos dois anos que é muito, muito seguro ir a um concerto e a um museu”, afirmou Simon Reinink, diretor do Concertgebouw.

Manicure atende cliente no Museu Van Gogh
Manicure no Museu Van GoghFoto: Peter Dejong/AP/picture alliance

"Na verdade, esse é o nosso trabalho, o de administrar multidões. Sabemos como lidar com grandes públicos, e o fizemos de modo muito, muito seguro”, acrescentou.

Do outro lado da rua, no museu Van Gogh, um cabelereiro corta o cabelo de dez clientes, e outros dez recebem manicure. "É, definitivamente, algo inédito para o museu Van Gogh”, disse Emilie Gordenker, diretora do local.

"Entendo que o governo queira reaberto as academias, mas, as pessoas também precisam de ginástica mental, e um museu é um local para onde as pessoas vêm cada vez mais para encontrar um pouco de profundidade ou sentido para suas vidas

"A questão da saúde mental é particularmente relevante para o nosso museu, obviamente, em razão da situação mental de Vincent van Gogh”, explicou a diretora.

A ministra-adjunta da Cultura, Gunay Uslu, disse compreender o motivo dos protestos, mas pediu cautela.

"O setor cultural chama atenção para sua situação de maneira criativa. Compreendo o pedido de ajuda, e que os artistas queiram mostrar todas as coisas lindas que eles têm para nos oferecer”, escreveu Uslu no Twitter.

Pessoas participam de aula de ioga no museu Van Gogh
Aula de ioga no museu Van GoghFoto: Peter Dejong/AP/picture alliance

"Mas, a reabertura à sociedade deve ser passo a passo. A cultura está no topo da agenda.” O governo informou que vai avaliar o possível relaxamento das restrições no dia 25 de janeiro.

Desobediência civil

Os protestos desta quarta-feira ocorreram na esteira de outras ações de desobediência civil na Holanda, realizadas por bares e restaurantes. Em várias cidades do país, estabelecimentos abriram no final de semana em desafio às ordens do governo de permanecerem fechados pelo menos até o dia 25.

Apesar de os protestos contra as restrições ocorrerem, na maioria dos casos, de maneira pacífica, alguns se transformaram em tumultos violentos, como ocorreu em Haia e Roterdã.

rc (AFP, AP, Reuters)