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Museu da Alfândega

27 de junho de 2009

Contrabando requer criatividade. Raridades da arte de driblar a alfândega são expostas em Hamburgo.

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Museu da Alfândega, instalado nos armazéns do porto de HamburgoFoto: picture-alliance/ dpa

Desde que as fronteiras foram abertas dentro da Europa, portos e aeroportos se tornaram lugares cobiçados pelos contrabandistas. Só no porto de Hamburgo há 950 funcionários aduaneiros para controlar sobretudo os contêineres dos grandes navios de carga.

Mas, independentemente de estes produtos terem chegado até lá por contrabando comercial em grande escala ou nas malas de viajantes desavisados, muitos acabam virando parte do acervo do Museu Aduaneiro Alemão, situado no mesmo porto.

Deutsches Zollmuseum
Bonés de funcionários aduaneiros provenientes do mundo inteiroFoto: picture-alliance/ dpa

Numa vitrine, vê-se uma prótese de perna de um inválido de guerra. "Nela havia uma cavidade onde cabiam dois ou três maços de cigarro", conta Dieter Schmidt, fiscal aduaneiro na fronteira entre as duas Alemanhas até a reunificação alemã em 1990. Visitantes mais jovens podem achar que essa tentativa de burlar as determinações alfandegárias mal vale o esforço.

Mais lucrativo do que parece

Mas isso é um engano, alerta Schmidt: "Este 'esconderijo' é da época imediatamente posterior à Segunda Guerra. A antiga moeda alemã, o reichsmark, não tinha valor algum. Uma moeda de troca eram maços de cigarro americanos, que custavam entre 8 e 10 marcos da época. Quando se tem em mente que um trabalhador especializado ganhava um reichsmark por hora, então esse era um negócio rentável", conta Schmidt, já apontando para o tanque de uma motocicleta. "Ele era usado para contrabandear café."

Alfândega contra contrabandista, faro versus criatividade criminal – rivais que continuam existindo até hoje. No entanto, essa relação ganhou novas proporções. Pois, com a crescente nivelação do imposto sobre o consumo nos diversos países da Europa, atualmente só mesmo o contrabando em massa de cigarros e álcool é de fato rentável.

Deutsches Zollmuseum
Réplica de um esconderijo: cigarro dentro do pãoFoto: picture-alliance/ dpa

Os fiscais da alfândega não estão tão interessados em turistas normais. "Temos um limite de até 430 euros livres de impostos para quem chega de avião do exterior", explica Arne Petrik, da alfândega alemã.

Além disso, no caso de produtos tributados, como o tabaco, ainda é possível trazer 200 cigarros e uma boa quantidade de álcool sem pagar impostos. "De modo que um turista normal pode se dar por satisfeito", argumenta.

Mas evitar a fuga de impostos não é a única tarefa dos oficiais alfandegários. Eles também devem observar se plantas e animais proibidos, ou mesmo armas, estão sendo transportados. Com frequência, são registradas violações aos acordos internacionais de proteção das espécies.

Os custos do contrabando

Em 2008, o crescimento do comércio ilegal de falsificações de produtos de marca levou o Porto de Hamburgo a registrar um movimento recorde. O volume de produtos confiscados cresceu de 35 milhões para 235 milhões de euros. Segundo especialistas, falsificações custam até 70 mil empregos na Alemanha.

Se nos anos 1980 esse volume era gerado principalmente por artigos esportivos e relógios, hoje praticamente todo produto de marca é falsificado – ou seus nomes são adulterados. "De facas a relógios cuco a produtos swiss made", alerta Petrik. "Nomes que indicam um determinado padrão de qualidade são usados para conferir um certo ar de nobreza."

Para escapar do controle, os contrabandistas usam truques. Alguns deles estão expostos no museu, como os tetsubishi, objetos pontiagudos afiados que eram jogados na frente dos carros de fiscais aduaneiros para danificar seus pneus.

"Os para-lamas foram então prolongados e abaixo deles foi instalada uma estrutura semelhante a uma vassoura de rua, que afasta os tetsubishi do caminho", conta Schmidt.

Autora: Ute Hempelmann
Revisão: Simone Lopes