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Sudeste Asiático

28 de setembro de 2007

Europa e outros países ocidentais protestam contra a repressão violenta de manifestações pacíficas em Mianmar. Especialista comenta, no entanto, que além de manter a comunidade internacional atenta, pouco se pode fazer.

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Manifestantes protestam em frente à embaixada de Mianmar na MalásiaFoto: AP

Indiferente às advertências de governos e entidades da Europa e de outros países, as forças de segurança do governo de Mianmar, antiga Birmânia, reprimiram com extrema dureza, também nesta sexta-feira (28/09), novas manifestações populares pacíficas do movimento pela democracia.

Segundo fontes diplomáticas, a repressão de uma passeata com cerca de 10 mil pessoas na capital Rangoon ocasionou "muito provavelmente" novos mortos e feridos. Testemunhas relatam centenas de prisões. A junta militar cortou o acesso à internet e importantes mosteiros budistas foram declarados zona proibida.

A Alemanha, juntamente com outras nações, convocou uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para discutir a situação na antiga Birmânia. Depois da morte de um jornalista japonês, o governo em Tóquio considera cortar a ajuda humanitária ao país.

Pressão indireta

Nesta sexta-feira, o premiê britânico Gordon Brown condenou a atitude violenta da junta militar de Mianmar. Os manifestantes teriam direito ao protesto pacífico, explicou o premiê. Brown defendeu sanções mais acirradas da União Européia contra o regime militar em Rangoon.

Um especialista em Relações Exteriores do governo em Berlim vê, no entanto, poucas possibilidades de a Europa exercer pressão direta sobre os ditadores birmaneses.

Em entrevista à emissora WDR, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento alemão, Ruprecht Polenz (CDU), afirmou que, para não atingir a população, as sanções contra a junta militar birmanesa devem ser muito bem direcionadas. O importante seria manter a opinião pública mundial atenta. "Isto é o único apoio que se pode prestar no momento", comentou Polenz.

Indiretamente, no entanto, o especialista vê uma chance de exercer pressão através da China, da Índia e dos países asiáticos que fazem parte do Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). Segundo Polenz, a China tem uma enorme influência sobre Mianmar e pode impedir um procedimento brutal dos militares contra a população.

Porträtfoto Gordon Brown Britischer Finanzminister
Gordon Brown: sanções mais acirradas da UEFoto: AP

China e Índia

A reticência principalmente da China e da Índia de criticar a junta militar que governa Mianmar advém, no entanto, de interesses geopolíticos. Ambos países concorrem no Oceano Índico e na zona de influência do Golfo de Bengala, onde se localiza Mianmar.

A China quer garantir os importantes caminhos marítimos para sua ascendente economia e, além disso, China e Índia estão bastante interessadas nas reservas de gás natural nas costas de Mianmar.

Até agora, também não se escutaram protestos por parte dos países da Associação de Nações do Sudeste Asiático. Os países da Asean alegam que estariam assim ferindo o princípio da não-intervenção em assuntos internos dos diversos países-membros do grêmio.

Mianmar é governado por uma ditadura militar desde 1962. Em 1988, um movimento de protestos foi reprimido de forma sangrenta. A atual repressão já causou a morte de pelo menos nove pessoas. (ca)

Myanmar Proteste in Burma
Protestos em Mianmar continuam na sexta-feiraFoto: AP