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Mudança climática aumenta mortes na Europa, diz estudo

23 de maio de 2024

Relatório alerta que as temperaturas no continente sobem duas vezes mais rápido do que a média global, contribuindo para elevar o número de óbitos devido a ondas de calor.

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Homem na rua, levanta sua camiseta para cobrir a cabeça e se proteger do sol
Só no verão europeu de 2022, estima-se que 60 mil pessoas tenham morrido devido às altas temperaturasFoto: GUGLIELMO MANGIAPANE/REUTERS

"A mudança climática não é um cenário futuro distante e teórico. Ela está aqui. E está matando", diz o recém-publicado relatório Lancet Countdown Europe Report. Este é o segundo levantamento da série "Lancet Countdown" que trata das consequências das mudanças climáticas para a saúde, especificamente para as pessoas na Europa. O texto foi escrito por cerca de 70 pesquisadores de vários países e disciplinas. A Universidade de Heidelberg, na Alemanha, desempenhou um papel fundamental no projeto.

O estudo alerta que as temperaturas na Europa estão subindo duas vezes mais rápido do que a média global. Nos últimos dez anos, houve 45% mais dias quentes do que na década anterior. E isso contribui para o aumento de mortes devido a ondas de calor no continente. Em média, elas subiram em 17,2 mortes por 100 mil habitantes entre os anos de 2013 e 2022, em comparação ao período entre os anos de 2003 a 2012. Só no verão europeu de 2022, estima-se que 60 mil pessoas tenham morrido devido às altas temperaturas.

Grandes cidades

A Europa Ocidental é a região de maior risco, segundo o relatório. Isso se deve ao fato de que um número particularmente grande de pessoas vulneráveis vive nessa área: idosos, doentes, além de residentes de grandes cidades, as quais se aquecem rapidamente nos meses mais quentes.

"E há diferenças geográficas. A Alemanha, por exemplo, tem uma taxa de mortalidade excessiva bastante alta em decorrência de ondas de calor, especialmente entre as mulheres", acrescenta o epidemiologista, matemático e estatístico Joacim Rocklöv, um dos autores do levantamento.

O estudo também identifica injustiças sociais: por exemplo, as minorias étnicas ou as pessoas de baixa renda geralmente sofrem mais com os efeitos das mudanças climáticas.

Patógenos se disseminam mais rápido

O relatório também identifica as doenças infecciosas emergentes como um grande risco à saúde. Isso ocorre porque alguns patógenos e seus vetores podem se espalhar mais para o norte europeu devido ao clima mais quente, especialmente no inverno.

O mosquito-tigre-asiático, por exemplo, já está se espalhando ao longo do rio Reno. Mais e mais distritos na Alemanha estão sendo declarados áreas de risco de encefalite transmitida por carrapato.

E o vírus do Nilo Ocidental, causador da febre do Nilo Ocidental, também está se tornando um perigo. No sul da Europa sobretudo, também aumenta o risco de doenças transmitidas por mosquitos, incluindo chicungunha e dengue.

De acordo com o relatório, os sistemas de saúde de quase todos os países europeus não estão bem equipados para lidar com os efeitos do aquecimento global. Muitos países carecem de planos de proteção contra o calor ou para emergências, assim como sistemas de alerta precoce para desastres climáticos. Também as adaptações no desenvolvimento urbano, por exemplo, são inadequadas em todo o continente, de acordo com o estudo.

md/le (ots)