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Moscou pede apoio do Brasil no FMI, Banco Mundial e G20

14 de abril de 2022

Ministro da Fazenda russo enviou carta a Paulo Guedes pedindo ajuda contra bloqueio e expulsão de organizações internacionais, segundo agência. Quase metade das reservas internacionais russas estão congeladas.

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Bolsonaro e Putin se cumprimentam em sala do Kremlin
Bolsonaro visitou Putin no Kremlin uma semana antes da invasão da Ucrânia a manifestou "solidariedade" à RússiaFoto: Mikhail Klimentyev/Russian Presidential Press Office/TASS/imago images

A Rússia pediu apoio ao Brasil no Fundo Monetário Internacional, no Banco Mundial e no G20, grupo das principais economias do mundo, para ajudá-la a combater as sanções impostas pelo Ocidente desde que Moscou invadiu a Ucrânia, de acordo com uma carta à qual a agência de notícias Reuters teve acesso.

O Ministro da Fazenda russo, Anton Siluanov, escreveu ao ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, pedindo apoio do Brasil "para evitar acusações políticas e tentativas de discriminação em instituições financeiras internacionais e fóruns multilaterais".

"Nos bastidores, há trabalhos em andamento no FMI e no Banco Mundial para limitar ou até mesmo expulsar a Rússia do processo decisório", escreveu Siluanov.

A carta, que não faz menção à guerra na Ucrânia, foi assinada em 30 de março e transmitida ao ministro brasileiro pelo embaixador da Rússia em Brasília na quarta-feira (13/04).

"Como sabe, a Rússia está passando por um período desafiador de turbulência econômica e financeira, causada por sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados", escreveu o ministro russo.

EUA querem Rússia fora do G20

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse na semana passada que os Estados Unidos não participariam de nenhuma reunião do G20 se a Rússia estivesse presente, citando a invasão à Ucrânia.

Quase metade das reservas internacionais da Rússia foi congelada e as transações de comércio exterior estão sendo bloqueadas, incluindo aquelas com seus parceiros de economias emergentes, disse Siluanov.

"Os Estados Unidos e seus satélites estão seguindo uma política de isolamento da Rússia da comunidade internacional", acrescentou. Siluanov disse que as sanções violam os princípios dos acordos de Bretton Woods que criaram o FMI e o Banco Mundial.

"Consideramos que a atual crise causada pelas sanções econômicas sem precedentes impulsionadas pelos países do G7 pode ter consequências duradouras, a menos que tomemos medidas conjuntas para resolvê-la", ele escreveu.

Posição dúbia do Brasil

O presidente Jair Bolsonaro reuniu-se com o presidente russo, Vladimir Putin, no Kremlin, em 16 de fevereiro, cerca de uma semana dias antes da invasão e expressou "solidariedade" à Rússia.

Nas semanas seguintes, Bolsonaro defendeu que o Brasil deveria manter-se neutro na crise e não condenou a operação militar russa.

Na prática, o Brasil adotou uma posição dúbia. Brasília votou contra a invasão russa no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU, mas se absteve na votação de uma resolução que suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

O Ministro das Relações Exteriores brasileiro, Carlos Franca, disse que o Brasil se opõe à expulsão da Rússia do G20, solicitada pelos Estados Unidos.

"O mais importante neste momento é ter todos os fóruns internacionais, o G20, OMC [Organização Mundial do Comércio], FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura], funcionando plenamente, e para isso todos os países precisam estar presentes, inclusive a Rússia", afirmou Franca em uma audiência do Senado em 25 de março.

bl (Reuters)