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Fim do estado de exceção

16 de abril de 2009

Rússia suspende suas operações militares na república separatista do Cáucaso Norte, dando fim a dez anos de regime antiterror decretado por Vladimir Putin.

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Desenhos de crianças tchetchenas retratam a guerraFoto: Elisabeth Petersen

Após duas guerras na Tchetchênia, a Rússia anunciou nesta quinta-feira (16/04) o fim de suas operações militares na república separatista e consequente retirada de tropas. A notícia provocou júbilo na capital Grózni, onde numerosos habitantes agitavam pelas ruas bandeiras tchetchenas e russas.

Tschetschenien Präsident Ramsan Kadyrow
Presidente Ramzan KadirovFoto: AP

Nas palavras do presidente tchetcheno, Ramzan Kadirov, termina assim para seu país um difícil capítulo do combate ao terrorismo. Após anos de ataques dos rebeldes muçulmanos, a região no norte do Cáucaso estaria hoje pacificada, assegurou o chefe de Estado.

"Vencemos o terrorismo, vencemos o wahhabismo [forma extremamente rigorosa do Islã], recolocamos a Constituição em vigor", declarou Kadirov na televisão russa. Segundo ele, o fim do "regime antiterror", instituído em 1999 pelo então presidente e atual primeiro-ministro da Federação Russa, Vladimir Putin, auxiliaria a Tchetchênia a dar continuidade a seu desenvolvimento econômico e social.

Chance de normalização

O antigo território de guerra encontrava-se sob administração especial do serviço federal de segurança russo FSB (antiga KGB). Este suspendeu o quase marcial estatuto antiterror na Tchetchênia por iniciativa do presidente russo, Dimitri Medvedev.

Do ponto de vista do comitê antiterror do FSB, a suspensão do "regime", desde a meia-noite desta quinta-feira, possibilitará uma maior "normalização da situação na região". Este primeiro passo será seguido pela retirada gradual dos 20 mil policiais e soldados do Ministério do Interior russo estacionados na região.

Segundo Moscou, agora jornalistas e ativistas dos direitos humanos poderão viajar para a república no Cáucaso e movimentar-se como em qualquer outra parte da Rússia, sem necessitar de vistos especiais. Recentemente, Medvedev apelara para que se suspendessem as restrições vigentes, na medida do possível.

Tranquilidade relativa

Já há algum tempo a situação na Tchetchênia vinha sendo considerada relativamente tranquila. Sobretudo Grózni, destruída pelos russos durante a guerra, foi na maior parte reconstruída. Apesar de uma taxa de desemprego superior a 50%, Kadirov conta com o amplo apoio da população predominantemente islâmica.

Em contrapartida, certos especialistas russos em segurança assinalam que os rebeldes continuam perpetrando atentados na região, os quais também atingiriam as repúblicas do Daguestão e da Inguchétia, igualmente no Cáucaso setentrional.

Histórico de conflito antisseparatista

Russischer Panzer in Grosny
Tanques russos em GrózniFoto: picture-alliance / dpa

A Rússia investiu pela primeira vez contra as pretensões de autonomia na Tchetchênia em 1994, tendo, porém, que aceitar um armistício dois anos mais tarde. Após uma segunda ocupação militar em 2000, os rebeldes tchetchenos se defenderam durante anos com operações de guerrilha.

As medidas de segurança decretadas por Putin em 1999 incluíam toques de recolher e postos de controle de rua. Além disso, elas permitiam revistas residenciais periódicas e facilitavam as detenções. Defensores dos direitos humanos registraram maus tratos.

Por diversas vezes, ações terroristas levaram o conflito para além da região, como, por exemplo, a tomada de reféns num teatro de musicais moscovita em 2002, e dois anos mais tarde numa escola de Beslan, na Ossétia do Norte. Ambos os atentados custaram centenas de vidas.

AV/dpa/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer