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Morre mulher que levou EUA a reconhecer direito ao aborto

18 de fevereiro de 2017

Norma McCorvey iniciou processo que faria Suprema Corte reconhecer direito à interrupção da gravidez nos primeiros meses. Anos mais tarde, tornou-se religiosa e entrou para o movimento contra o aborto.

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Norma McCorvey
Norma McCorvey em foto de 1998Foto: picture-alliance/dpa

Norma McCorvey, que ficou conhecida por ter personificado o caso que conduziu à legalização do aborto nos Estados Unidos, morreu neste sábado (18/02), aos 69 anos, no estado do Texas, anunciou um jornalista próximo da família.

McCorvey morreu num centro de atendimento em Katy, no Texas, disse o jornalista Joshua Prager, em declarações ao jornal The Washington Post. Prager está trabalhando num livro sobre a mulher que passou de favorável a contrária ao aborto e estava com ela e com a sua família quando da morte. McCorvey sofria há algum tempo de problemas cardíacos.

Sob o pseudônimo Jane Roe, ela liderou o processo legal que acabaria por levar a Suprema Corte dos Estados Unidos a reconhecer o direito constitucional a interromper uma gravidez. Muitos anos depois, ela se tornou religiosa e disse que ter participado do caso que resultou na legalização do aborto foi o maior erro da sua vida.

McCorvey tinha 22 anos, era solteira e estava grávida pela terceira vez quando, em 1969, quis interromper a gravidez no Texas, onde o aborto era ilegal, salvo em caso de risco de vida para a mulher. McCorvey acabaria por dar à luz uma menina, que entregou para adoção.

O processo a que deu início ainda naquele ano, conhecido como "Roe versus Wade", levou o tema à Suprema Corte, que em 1973 reconheceu que o Estado não pode interferir na decisão de uma mulher em recorrer ao aborto durante os primeiros meses de gravidez. Henry Wade era o advogado que repesentou o Texas no caso e defendeu a lei contra o aborto.

McCorvey só revelou ser Jane Roe na década de 1980, durante a qual foi uma fervorosa adepta da liberdade de escolha e do direito à interrupção voluntária da gravidez.

Anos mais tarde, em 1995, ela acabaria por se converter à fé evangélica, cativada pelo reverendo Philip Benham, que montou um grupo antiaborto ao lado da clínica de Dallas onde ela trabalhava e que realizava interrupções voluntárias da gravidez.

"Não acredito no aborto, mesmo em situações extremas. Mesmo se uma mulher engravidar de um violador, não deixa de ser uma criança. Você não pode agir como se fosse seu próprio Deus", disse McCorvey à agência de notícias AP, em 1998.

McCorvey converteu-se depois ao catolicismo e nunca mais se desligou do movimento antiaborto, que, a cada 22 de janeiro, data da histórica decisão judicial, realiza uma marcha pedindo a revogação da lei.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, durante a campanha eleitoral, que apoia essa iniciativa, defendendo que a decisão sobre o aborto volte a caber a cada estado.

AS/lusa/ap