Morre catador que foi fuzilado pelo Exército no Rio
18 de abril de 2019O catador de material reciclável Luciano Macedo morreu na madrugada desta quinta-feira (18/04), depois de 11 dias internado, em decorrência dos tiros que levou durante uma ação de militares em Guadalupe, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Macedo é o segundo morto em decorrência da ação dos militares em Guadalupe. O outro é o músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, que morreu no local depois de ser atingido por vários tiros, disparados por militares do Exército.
Evaldo ia com a família para um chá de bebê quando o veículo em que eles estavam foi atingido por mais de 80 disparos, no dia 7 de abril, um domingo. Cinco pessoas, incluindo uma criança de 7 anos, estavam no carro.
Macedo foi baleado com gravidade quando tentava ajudar Evaldo e os familiares. Os militares também atingiram o sogro de Evaldo, Sérgio Araújo, que foi ferido nas costas.
Em uma nota divulgada à imprensa, no dia da ocorrência, o Comando Militar do Leste disse que um pedestre tinha sido atingido num tiroteio, mas não assumiu a autoria dos tiros que atingiram o catador, apesar de ter assumido a responsabilidade pelos disparos que mataram Evaldo e feriram Sérgio.
O Exército afirmou inicialmente que efetuou os disparos contra um veículo roubado. Nove militares foram presos preventivamente por decisão da Justiça Militar depois que o Exército abriu investigação sobre o tiroteio, devido a inconsistências na versão dos militares envolvidos.
O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, disse que o assassinato do músico por militares é "um fato isolado".
O presidente da República, Jair Bolsonaro, que se manifestou sobre a morte de Evaldo apenas cinco dias depois, disse lamentar o "incidente" e afirmou que está sendo apurada a responsabilidade do caso e que nada será "jogado para debaixo do tapete".
"O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo, a gente não pode acusar o povo de assassino, não. Houve um incidente, houve uma morte. Lamentamos a morte do cidadão trabalhador, honesto. E está sendo apurada a responsabilidade. No Exército, sempre tem um responsável. Não existe essa de jogar para debaixo do tapete. Vai aparecer um responsável, uma perícia já foi pedida para que realmente tenhamos a certeza do que aconteceu naquele momento", afirmou em Macapá.
O advogado dos militares do Exército suspeitos de matar Evaldo, Paulo Henrique Pinto de Mello, será condecorado pelo governo. Ele receberá a "Medalha da Vitória", referente a missões de paz da Segunda Guerra Mundial. O nome dele está entre os homenageados pelo Ministério da Defesa em uma lista publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira.
Segundo o portal UOL, a condecoração foi decidida antes de o advogado assumir o caso dos militares que mataram o músico, e assinada pelo ministro da Defesa em 12 de abril.
AS/abr/ots
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