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Minoria impõe novos cabeças aos verdes

Laís Kalka8 de dezembro de 2002

Em convenção realizada em Hanôver, o Partido Verde elegeu dois novos líderes, Angelika Beer e Reinhard Bütikofer.

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O novo duo à frente do Partido VerdeFoto: AP

O Partido Verde, o menor da coalizão que governa a Alemanha desde 1998, nunca gozou de tanto prestígio junto ao eleitorado. Depois de conquistar 8,6% dos votos na eleição de setembro — seu melhor resultado num pleito parlamentar —, ele conta atualmente com a preferência de 12% dos eleitores, segundo as mais recentes pesquisas. Diferencia-se aí profundamente dos social-democratas do chanceler federal Gerhard Schröder, que vão de mau a pior.

Existe unanimidade em que os sucesso dos verdes se deve ao duo que liderou o partido nos últimos 20 meses, Claudia Roth e Fritz Kuhn. No entanto, ambos não puderam se recandidatar à presidência do partido por terem sido eleitos em setembro para o Bundestag e quererem assumir seus mandatos. Um princípio vigente desde a fundação do Partido Verde, em 1980, proíbe a conjugação de cargo partidário com mandato legislativo ou executivo.

Princípio é princípio

— Estabelecido inicialmente para evitar o acúmulo de poder e cargos que os verdes criticavam nos demais partidos políticos, o princípio não é mais defendido com unanimidade. Muitos diretórios estaduais já o eliminaram, por ser impraticável e enfraquecer a liderança do partido. Em nível federal, o assunto vem sendo debatido há dez anos. A ala esquerda, mais fundamentalista, sempre consegue bloquear as tentativas de alteração dos estatutos. A última vez foi há dois meses, em convenção realizada em Bremen, quando já se sabia que Claudia Roth e Fritz Kuhn haviam sido eleitos para o Parlamento.

Claudia Roth und Fritz Kuhn trösten sich
Caudia Roth e Fritz Kuhn consolam-se após a derrota de sua propostaFoto: AP

Desejosos de continuar à frente do partido, os dois políticos propuseram aos delegados reunidos neste fim de semana em Hanôver uma solução intermediária: a de continuarem no cargo até que os membros do partido se pronunciassem sobre o assunto. A convenção aprovara no sábado (07) a realização de uma votação a esse respeito entre todos os 46 mil afiliados do partido, até maio de 2003.

Após cinco horas de debate, faltaram apenas oito votos para os dois terços que teriam sido necessários para a aprovação da proposta de Roth e Kuhn. Nenhum outro partido na Alemanha tem mostrado ser tão flexível como o Verde, quando se trata de submeter o conteúdo de sua política a uma revisão. Mas, em se tratando de princípios partidários, a radicalidade ainda vence.

Apenas segunda opção?

— Em eleição realizada na manhã deste domingo, após uma busca improvisada por novos candidatos, os delegados escolheram como novos cabeças do partido Angelika Beer, especialista em questões militares e de defesa, e Reinhard Bütikofer, diretor-geral do partido desde 1998. Como sempre, o duo é formado por uma mulher e um homem que representam, ao mesmo tempo, cada uma das alas do partido: a da esquerda e a dos chamados "realos".

Ambos são políticos de longa data — Beer foi uma das fundadoras do Partido Verde —, mas muitos questionam que eles disponham do prestígio e da visão estratégica que seriam necessários para liderar o Partido Verde nesta difícil fase, em que as próximas eleições — para as assembléias legislativas de Hessen e Baixa Saxônia, em fevereiro — estão praticamente às portas e a coalizão de governo atravessa um período de tormentas.