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Stuttgart 21

26 de agosto de 2010

Milhares protestam contra custos públicos excessivos de controvertido projeto ferroviário. Polícia acusa manifestantes de extrapolar protesto pacífico. Arquiteto afirma que obras acarretam perigo de vida.

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Corrente humana diante da estação de StuttgartFoto: picture-alliance/dpa

O Stuttgart 21 é um projeto controverso. Ao custo de 4,1 bilhões de euros, visa-se transformar o terminal ferroviário da cidade em uma estação subterrânea, ligada através de um túnel tanto ao aeroporto quanto à linha de trens expressos para a cidade de Ulm. A modificação da estação central faz parte do grande remanejamento da rede ferroviária da cidade, apresentada por seus mentores como o maior projeto de infraestrutura da Europa.

Os defensores do remanejamento alegam que ele reduzirá a duração das viagens de trem, além de criar 4 mil postos de trabalho e atrair investimentos de até 8 bilhões de euros. Como exemplo, eles citam os prédios residenciais e comerciais, em excelente localização no centro de Stuttgart, que serão construídos quando forem retirados os 100 hectares de trilhos.

Além da desobediência civil

Stuttgart 21
Ativistas no telhado da velha estaçãoFoto: picture-alliance/dpa

Os opositores do projeto criticam seus custos, que afirmam poder alcançar até 11 bilhões de euros, indo além dos estimados 7 bilhões de euros. Além disso, a companhia ferroviária Deutsche Bahn se nega a apresentar sua previsão de lucros ao Parlamento, alegando defesa de interesses empresariais. Políticos do Partido Verde exigem que sejam suspensas as verbas públicas para o Stuttgart 21, caso a Deutsche Bahn mantenha essa posição.

Nas últimas semanas, foram realizadas em Stuttgart numerosas manifestações contra o projeto, que se acirraram com o início dos trabalhos de demolição da antiga estação, na última quarta-feira (25/08). Milhares de manifestantes reuniram-se no local, impedindo, segundo informações fornecidas pela polícia, a ação do corpo de bombeiros e de equipes de resgate.

Alguns ativistas ocuparam o telhado da ala norte da estação, enquanto 200 outros interromperam o tráfego em pontos importantes do centro da cidade. Nesta quinta-feira (26/08), cerca de 200 manifestantes voltaram a protestar diante da estação, no alto da qual seis outros seguravam uma faixa criticando os responsáveis pelo Stuttgart 21.

Segundo o diretor da polícia da cidade, Siegfried Stumpf, as manifestações teriam perdido o caráter pacífico. "Isso não tem mais nada a ver com protestos compreensíveis, nem com desobediência civil." Quem bloqueia ação de pessoal de assistência age de forma criminosa", acrescentou.

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Gráfico mostrando a área do Stuttgart 21Foto: picture alliance/dpa

Perigo de vida?

Agravando as controvérsias, a revista Stern publicou na quarta-feira uma entrevista com o arquiteto Frei Otto, que abandonou o gigantesco projeto há cerca de um ano. Ele apontou graves falhas de segurança e perigo de inundações no local, instando as autoridades competentes a "puxarem o freio de mão", por se tratar de uma questão "de vida ou morte".

Deutschland Bahn Baustart für unterirdischen Bahnhof in Stuttgart
Vista do terminal ferroviário da cidadeFoto: AP

O famoso arquiteto de 85 anos de idade conjecturou que, durante as obras, as camadas de gesso com alto componente de anidrido do solo de Stuttgart poderão se inchar de água, formando cavidades ou crateras incontroláveis. É ainda possível que a estação emerja do solo, "como um submarino do mar". "Com o conhecimento que temos hoje", afirmou Otto, não se pode responsabilizar pelo projeto.

Segundo a Stern, um pouco conhecido relatório geológico de 2003 confirma os temores do arquiteto. O geólogo Jakob Sierich, que analisou o parecer, reforça: "No Stuttgart 21, não se trata de possíveis rachaduras nas casas, trata-se de crateras onde casas inteiras podem desaparecer".

Por sua vez, o arquiteto Christoph Ingehoven, que participa do projeto, rebateu as acusações, afirmando que Otto não dispõe de todas as informações importantes para poder julgar o risco das obras. Desse modo, suas declarações seriam "altamente levianas" e "beirando o alastramento de pânico", argumentou Ingehoven.

AV/ap/dpa
Revisão: Soraia Vilela