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Merkel reitera que não pretende concorrer a quinto mandato

5 de junho de 2020

Em entrevistas, chanceler federal nega rumores sobre reeleição surgidos após alta de sua popularidade na pandemia. Ao ser questionada sobre protestos nos EUA, ela diz que estilo de liderança de Trump é "controverso".

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Chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel
"Não, de verdade, não", respondeu Merkel ao ser questionada sobre possível reeleição em 2021Foto: picture-alliance/dpa/J. Macdougall

Em entrevista às emissoras públicas ARD e ZDF nesta quinta-feira (04/06), a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, voltou a negar a possibilidade de tentar se reeleger para um quinto mandato. Ela também falou sobre o pacote de estímulo econômico proposto por seu governo para atenuar o impacto da pandemia de covid-19, e sobre os protestos antirracismo nos EUA.

"Não, de verdade, não", disse a chanceler ao ser questionada se as boas avaliações em relação ao seu desempenho ao lidar com a crise gerada pelo coronavírus poderia fazê-la concorrer a um quinto mandato, após mais de 14 anos na chefia de governo. Sua atuação vem sendo bastante elogiada no país e no exterior, o que levou alguns a especular sobre sua permanência no cargo.

O Ministro do Interior, Horst Seehofer, com quem Merkel teve uma série de desentendimentos no passado recente, contribuiu para os rumores sobre a reeleição da líder alemã ao afirmar em entrevista ao jornal Bild am Sonntag que teria ouvido essa hipótese com frequência cada vez maior nos corredores do poder, mas a chanceler negou que isso venha a ocorrer. "O 'não' ainda permanece?", insistiram os entrevistadores. "Com total firmeza", respondeu.

Ao comentar sobre o pacote de estímulo econômico proposto por seu governo para lidar com as pesadas consequências da paralisação da economia nos últimos meses, ela se disse contrária à extensão da redução do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA). Entre as várias medidas para impulsionar a economia do país está a redução temporária do IVA de 19% para 16% entre julho e dezembro.

O país não poderia arcar com uma extensão dessa redução, afirmou Merkel à emissora ARD ao ser questionada sobre um possível prolongamento em 2021, ano de eleições gerais no país. Ela disse não considerar essa possibilidade, uma vez que seu governo trabalha para que não haja um novo surto de disseminação exponencial da covid-19 no país. "Lidamos com isso de modo responsável", afirmou.

A taxa de mortalidade pelo coronavírus é relativamente baixa, se comparada com outros países europeus, como Reino Unido, Itália e França. Isso se atribui ao grande número de testes e de vagas nas UTIs, além de uma ampla aceitação das recomendações do governo e das autoridades de saúde por parte da população.

A chanceler federal, de 65 anos, assumiu o cargo em novembro de 2005. Em outubro de 2018 ela anunciou que não iria concorrer a um novo mandato, o que levou alguns a questionarem sua capacidade de governar. Ele enfrentou fortes críticas de alguns setores por sua atuação durante a crise dos refugiados de 2015 e, em alguns momentos, sua coalizão de governo pareceu estar à beira de um rompimento em razão de fortes desentendimentos entre os partidos. 

Nos últimos meses, porém, o país parece ter se unido em torno de sua liderança em meio à crise gerada pelo coronavírus, e sua popularidade está em alta, segundo várias pesquisas de opinião. A pouco mais de um ano das eleições, a disputa para sua sucessão ainda está em aberto.

George Floyd e racismo

Merkel também foi questionada nesta quinta-feira sobre os protestos antirracismo que vêm ocorrendo nos Estados Unidos  após a morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos, durante uma ação policial. Ela respondeu evasivamente ao ser questionada se o presidente Donald Trump poderia ser responsabilizado pela violência policial e por fomentar o racismo no país.

"Acredito que seu estilo de liderança é controverso", afirmou ao responder a uma pergunta sobre o papel de Trump no aprofundamento da polarização em seu país. "Trabalho com os presidentes eleitos de todo o mundo e, é claro, que isso inclui o presidente americano. Espero que o país possa ser pacificado", disse, ao ser questionada se confia no colega em Washington.

Ela explicou que não comenta publicamente as questões que discute com Trump. "Posso apenas esperar que os americanos estejam aptos a trabalhar juntos", afirmou, se dizendo satisfeita com o fato de que muitos nos EUA estão contribuindo para esse objetivo. "Minhas pretensões para a política são que se tente unir as pessoas e reconciliá-las."

A chanceler, porém, não usou meias palavras ao qualificar o que chamou de "assassinato" de Floyd como um episódio racista. "O racismo é algo terrível", disse, acrescentando que confia no sistema democrático americano para lidar com essa situação difícil. Ela observou que o racismo sempre existiu, também na Alemanha.

RC/rtr/dpa/afp

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