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Desistência nuclear

9 de junho de 2011

Chanceler federal Angela Merkel defende os planos do governo de abandonar a energia nuclear até 2022 no primeiro debate sobre o assunto no Bundestag. Para a oposição, mudança de curso chega com dez anos de atraso.

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Merkel admitiu que Fukushima a fez rever suas posições
Merkel admitiu que Fukushima a fez rever suas posiçõesFoto: piture-alliance/dpa

Três meses após a catástrofe nuclear de Fukushima, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, pediu apoio à mudança de rumo na política nuclear adotada pelo seu governo. Na segunda-feira, o governo de Merkel aprovara o fechamento das 17 centrais nucleares alemãs até 2022.

Em declaração de governo diante do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, nesta quinta-feira (09/06), Merkel defendeu a mudança de rumo "com toda a força e com toda a convicção", apelando aos estados, prefeituras e a todos os cidadãos alemães para que "neste projeto de futuro, possamos juntos aliar a responsabilidade ética ao sucesso econômico".

A presidente da União Cristã Democrática (CDU) admitiu que, após Fukushima, sua posição diante da energia nuclear mudou completamente. "Da mesma forma que eu me engajei no final do ano passado, no contexto do conceito energético, pela extensão da vida útil [das usinas nucleares], percebo agora de forma inequívoca: Fukushima mudou minha posição", admitiu Merkel.

Apoio e críticas

Trittin: êxito do movimento antinuclear
Trittin: êxito pertence ao movimento antinuclearFoto: picture-alliance/dpa

Apesar das críticas, a oposição no Bundestag acenou com apoio à mudança de curso do governo em Berlim. Jürgen Trittin, líder da bancada do Partido Verde, anunciou que iria apoiar o governo nos seus planos de desistência da energia nuclear, mas afirmou que "mudança de política energética é outra coisa". Ele acusou Merkel de, ao mesmo tempo, frear e acelerar o processo.

Em especial, Trittin acusou o governo de barrar o desenvolvimento das energias renováveis. O objetivo de 35% de energias renováveis na matriz energética alemã até 2020 é insuficiente, disse o político verde.

Além disso, Trittin criticou como precárias as propostas governamentais de um depósito definitivo para os detritos nucleares e de elevação dos padrões de segurança e da eficiência energética.

Para o político verde, a desistência da energia nuclear é sobretudo um êxito do movimento antinuclear: "Vinte e cinco anos após Tchernobil, a CDU também aprendeu com Fukushima. É tarde, mas é certo". Ao resgatar o prazo para o abandono da energia nuclear estipulado pelo antigo governo dos verdes e social-democratas, Merkel pôs fim aos seus dez anos de luta contra a mudança energética, disse Trittin.

Zombarias e malícias

Frank-Walter Steinmeier, líder da bancada do Partido Social Democrata (SPD), também elogiou a nova posição da premiê. No entanto, em alusão à decisão de abandono da energia nuclear aprovada pelo governo verde e social-democrata em 2000 e revogada no ano passado por Merkel, Steinmeier acusou a chanceler federal alemã de "falta de sinceridade".

Steinmeier acusou Merkel de 'falta de sinceridade'
Steinmeier acusou a premiê de 'falta de sinceridade'Foto: dapd

"Não é possível que justamente a senhora se posicione como a iniciadora da mudança energética na Alemanha. Isso é inacreditável", disse Steinmeier, acrescendo que, no passado, o partido de Merkel zombou do SPD por causa do abandono da energia nuclear.

Desta vez, o partido de Steinmeier também não perdeu a chance e "parabenizou" Merkel pela desistência nuclear com uma série de anúncios irônicos em jornais – justamente no dia da declaração de governo de Merkel sobre a mudança da política energética.

Entre os anúncios publicados nesta quinta-feira, entre outros no Frankfurter Rundschau e no Tagesspiegel, a bancada social-democrata defende o seu programa de mudança da política energética. "Nós conhecemos o caminho. E já há muito tempo", afirmou o SPD.

CA/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler