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Merkel anuncia fim do resgate aéreo alemão no Afeganistão

25 de agosto de 2021

Alemanha deve encerrar nos próximos dias voos para transporte de civis a partir de Cabul, onde multidão ainda aguarda para fugir do Talibã. Chanceler federal diz que esforços para proteger afegãos devem continuar.

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Voo do Exército alemão resgata pessoas de Cabul: 4.600 foram transportados pela Bundeswehr
Voo do Exército alemão resgata pessoas de Cabul: 4.600 foram transportados pela BundeswehrFoto: picture alliance/dpa/Bundeswehr

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, anunciou nesta quarta-feira (25/08) que, "dentro de alguns dias", será encerrada a chamada Luftbrücke, a ponte-aérea alemã para resgate de civis no Afeganistão.

Embora Merkel não tenha fixado um dia específico, o anúncio vai de encontro ao que foi noticiado mais cedo pela imprensa alemã, que afirma que o último voo alemão para resgate de civis será efetuado nesta sexta-feira.

A decisão alemã deve aumentar a apreensão e o caos nos arredores do aeroporto de Cabul, onde, desde meados de agosto, com a tomada da capital afegã pelo Talibã, uma multidão aguarda na tentativa de deixar o país.

Segundo Merkel, o fim da ponte-aérea não é uma decisão isolada alemã, mas tomada em conjunto com os aliados da Otan. Na terça-feira, o presidente americano, Joe Biden, já havia anunciado o dia 31 de agosto como data final para a retirada total das tropas dos EUA.

Angela Merkel
Merkel: "Continuo convencida de que nenhuma força ou ideologia pode resistir ao impulso de justiça e paz"Foto: Markus Schreiber/AP Photo/picture alliance

Nos últimos dez dias, 80 mil pessoas foram resgatadas de Cabul, em sua maioria pelos EUA.  A Bundeswehr (Forças Armadas alemãs), segundo Merkel, conseguiu retirar 4.600 pessoas do Afeganistão, de 45 diferentes nacionalidades.

"O fim da ponte-aérea, dentro de alguns dias, não pode significar o fim dos esforços para proteger colaboradores afegãos e ajudar os afegãos que foram deixados numa situação de grande emergência com a chegada do Talibã", disse a chefe de governo alemã.

A chanceler federal não citou uma plano concreto, mas disse que a Alemanha "trabalha intensamente em todos os níveis" com aliados para ver como manter a ajuda aos afegãos após o 31 de agosto.

A declarações de Merkel, que deixará o poder em setembro após 16 anos à frente do governo, foram dadas perante o Parlamento alemão, numa rara sessão especial em pleno recesso de verão para abordar a crise no Afeganistão.

Diálogo com o Talibã

Em seu discurso, Merkel defendeu que a comunidade internacional deve manter o diálogo com o Talibã se quiser proteger as melhorias feitas no Afeganistão durante duas décadas de presença da Otan.

"Nosso objetivo deve ser preservar ao máximo o que alcançamos em termos de mudanças no Afeganistão nos últimos 20 anos. Isso é algo sobre o qual a comunidade internacional deve falar com o Talibã", disse Merkel.

O progresso feito ao longo dos anos inclui necessidades básicas - 70% dos afegãos têm agora acesso à água potável, em comparação com 20% de uma década atrás; e 90% das pessoas têm acesso a eletricidade, contra apenas 10% em 2011.

O fato de os talibãs terem voltado ao poder foi subestimado pelos aliados ocidentais e é "amargo", disse Merkel, mas é preciso "lidar com isso". "Muitas coisas na história levam muito tempo. É por isso que não devemos e não vamos esquecer o Afeganistão", complementou. "Porque mesmo que não pareça nesta hora amarga, continuo convencida de que nenhuma força ou ideologia pode resistir ao impulso de justiça e paz."

rpr/lf (dpa, ots)