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Menina encontra pedido de ajuda em cartão produzido na China

22 de dezembro de 2019

"Somos forçados a trabalhar contra nossa vontade. Por favor, nos ajude", diz mensagem descoberta no Reino Unido. Rede de supermercado afirma estar chocada e suspende produção de cartões.

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Florence descobriu pedido de ajuda ao abrir caixa de cartões que comprou na rede de supermercados Tesco
Florence descobriu pedido ao abrir caixa de cartões que comprou na rede de supermercados TescoFoto: picture-alliance/D. Lipinski

Uma menina britânica de seis anos encontrou um pedido de ajuda de um suposto trabalhador forçado num cartão de Natal fabricado na China. Após a descoberta, a rede britânica de supermercados Tesco, que vendeu o item, anunciou neste domingo (22/12) que suspendeu produção dos cartões importados do país asiático.

Segundo o jornal The Sunday Times, ao abrir a caixa com os caixões de Natal beneficentes da Tesco, Florence Widdicombe, que mora nos arredores de Londres, encontrou um cartão com o pedido de ajuda escrito em inglês com letras maiúsculas. A mensagem teria sido escrita por presos da penitenciária de Qingpu, em Xangai.

"Somos prisioneiros estrangeiros na prisão de Qingpu, em Xangai, na China. Somos forçados a trabalhar contra nossa vontade. Por favor, nos ajude e notifique organizações de direitos humanos", diz o texto.

A Tesco afirmou que se surpreendeu com a revelação e "imediatamente parou a produção dos cartões na fábrica". Uma porta-voz da rede disse que uma investigação foi aberta e que suspendeu as vendas do produto. Parte do valor arrecadado com as vendas deste tipo de cartão seria destinado a instituições de caridade.

"Nós abominamos o uso da mão de obra de presos e nunca teríamos permitido isso na nossa cadeia de fornecimento", afirmou a porta-voz. Segundo a Tesco, o cartão teria sido produzido numa fábrica chamada Zheijiang Yunguang Printing, que passou por uma auditoria independente em novembro.

Cartão de Natal da Tesco
Parte da renda da venda dos cartões iria para caridadeFoto: picture-alliance/D. Lipinski

"Nenhuma evidência foi encontrada que sugerisse que eles estavam quebrando nossas regras ao usar a mão de obra de presos", acrescentou a porta-voz, que ressaltou que a situação sugere que houve uma quebra de contrato e que, caso isso  fique comprovado, a fábrica será banida de sua lista de fornecedores.

De acordo com o The Sunday Times, a mensagem dos presos também recomendava que se entrasse em contato com Peter Humphrey. O pai de Florence pesquisou o nome no Google e descobriu que se tratava de um jornalista que fora detido em 2013 e condenado em 2014 a dois anos e meio de prisão por violar leis chinesas sobre privacidade, quando ele trabalhou no país para o grupo britânico GlaxoSmithKline (GSK).

Humphrey, que assina a reportagem do The Sunday Times, cumpriu parte de sua pena na penitenciária de Qingpu. Ele contou no texto que entrou em contato com ex-detentos de lá, que confirmaram que estrangeiros presos no local foram obrigados a embalar os cartões de Natal para a Tesco.

Esse não é o primeiro caso de mensagens em produtos fabricados na China encontrados no Reino Unido. Em 2017, um texto escrito em chinês foi descoberto também em uma caixa de cartões de Natal vendida pela varejista Sainsbury's em Essex. "Desejo-lhe sorte e felicidades. Loja de terceiro produto, prisão de Guangzhou, no distrito seis".

Em 2014, uma mulher encontrou na calça da loja da Primark, na Irlanda do Norte, um bilhete dizendo: "Trabalhamos 15 horas por dia e a comida que comemos não é nem dada a cães ou porcos".

CN/afp/ap

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