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Manifestantes expressam apoio a Moro, Bolsonaro e Lava Jato

30 de junho de 2019

Após vazamento de mensagens atribuídas ao ex-juiz, dezenas de cidades brasileiras registram atos em defesa de Sergio Moro e de projetos do governo. Ministros do STF, Congresso, Lula e PT são alvos de críticas.

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No Rio, os manifestantes estiveram concentrados em Copacabana, na zona sul
No Rio, os manifestantes estiveram concentrados em Copacabana, na zona sulFoto: Reuters/P. Olivares

Manifestantes saíram às ruas em várias cidades brasileiras neste domingo (30/06) em apoio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e à Operação Lava Jato. O governo de Jair Bolsonaro e alguns de seus projetos também foram respaldados durante os atos.

Segundo o portal G1, até as 18h30 (horário de Brasília) protestos eram registrados em ao menos 88 cidades de 26 estados e do Distrito Federal. As manifestações foram convocadas por grupos de direita como Vem pra Rua (VPR), Movimento Brasil Livre (MBL) e Nas Ruas, que estiveram à frente dos protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Neste domingo, a maioria dos participantes vestia roupas com as cores da bandeira do Brasil e carregava faixas com mensagens de apoio a Moro, a Bolsonaro e a políticas defendidas por ambos, como o pacote anticrime e a reforma da Previdência. Cartazes com críticas a políticos e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram vistos.

Em sua conta no Twitter, Moro compartilhou foto e vídeo das manifestações e escreveu, sugerindo estar atento aos atos: "Eu vejo, eu ouço. Lava Jato, projeto anticrime, previdência, reforma, mudança, futuro."

Bolsonaro também se manifestou sobre os atos na mesma rede social, afirmando: "Aos que foram às ruas hoje manifestar seus anseios, parabéns mais uma vez pela civilidade. A população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e responsabilidade para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do nosso Brasil."

Em Brasília, os manifestantes se concentraram em frente ao Congresso Nacional, onde houve críticas ao STF e foram feitas associações entre ministros da Corte e o PT. Bandeiras de países como Estados Unidos e Israel, aliados de Bolsonaro, também foram erguidas.

No gramado em frente ao Congresso foram inflados quatro bonecos gigantes – dois do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário, um de Moro como super-homem e um terceiro reunindo três figuras: Lula, o ex-ministro petista José Dirceu e o ministro do STF Gilmar Mendes à frente dos dois, como se os protegesse.

Protestos em apoio a Moro e Bolsonaro no Rio de Janeiro
Camisas da seleção brasileira e bandeiras do Brasil eram quase unanimidade entre os manifestantesFoto: Reuters/P. Olivares

No Rio de Janeiro, o ato pró-Moro levou milhares às ruas de Copacabana, na zona sul da capital fluminense, segundo a Agência Brasil. Sete carros de som foram instalados, e bandeiras gigantes nas cores verde e amarela foram erguidas por guindastes.

Faixas traziam frases como "Nova Previdência já", "Para a frente, Brasil", "Apoiamos as instituições íntegras" e "Se parar a Lava Jato, o Brasil morre". Outro cartaz dizia que Moro "nos livrou das trevas". Segundo o jornal Folha de S. Paulo, copos em homenagem ao ex-juiz e ao presidente Bolsonaro eram vendidos por 10 reais.

Além de críticas ao STF, houve ainda um "vaiaço" aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), descritos como "inimigos da nação".

Protestos em apoio a Moro e Bolsonaro no Rio de Janeiro
Segundo a Agência Brasil, ato pró-Moro reuniu milhares em CopacabanaFoto: Reuters/P. Olivares

Em São Paulo, a manifestação teve início durante a tarde na avenida Paulista, onde se reuniram manifestantes vestindo camisas nas cores verde e amarela e erguendo cartazes e bandeiras.

Segundo o G1, o ato chegou a ocupar quatro quarteirões da avenida, em defesa de pautas como o pacote anticrime de Moro e a reforma da Previdência. Uma grande faixa com os dizeres "Somos todos Lava Jato" foi estendida sobre a rua.

O ato em São Paulo registrou uma confusão inciada quando cerca de 20 integrantes do grupo Direita SP se aproximaram do palanque e começaram a xingar membros do MBL, usando amplificadores de voz. A polícia teve que intervir e separar os grupos, enquanto líderes do MBL no palanque pediam que a briga se encerrasse e que a direita se unisse "em prol de um Brasil maior".

"O pessoal do Direita SP veio aqui nos agredir, porque não nos ajoelhamos para o Bolsonaro. Defendemos ideias do governo, mas somos críticos", disse o coordenador nacional do MBL, Renato Battista, ao portal UOL. "Jamais viríamos aqui defender um político. Defendemos ideias como a Operação Lava Jato, que está sob ataque."

Ex-aliados, Direita SP e MBL se distanciaram durante as convocações para manifestações de apoio a Bolsonaro no fim de maio. O Movimento Brasil Livre foi contra a mobilização popular por não concordar com pautas defendidas por alguns grupos de direita, como o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso.

Protestos em apoio a Moro e Bolsonaro no Rio de Janeiro
Bolsonaro e Moro foram ovacionados como "heróis"Foto: Reuters/P. Olivares

Outras capitais brasileiras, como Belém, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador, além de cidades do interior, também registraram protestos pró-governo neste domingo. Segundo o movimento VPR, atos foram marcados em 203 cidades, com milhares de pessoas convidadas. A relação incluía manifestações fora do país, em cidades como Lisboa, Nova York e Buenos Aires.

Os protestos foram convocados após a divulgação, pelo site The Intercept Brasil e pela Folha de S. Paulo, de uma série de conversas atribuídas ao então juiz Moro e a procuradores da Lava Jato. Os diálogos levantaram questionamentos éticos sobre a conduta de Moro ao longo da operação e possíveis ilegalidades em seu relacionamento com a força-tarefa.

Na semana passada, motivado pelo vazamento das mensagens, um documento assinado por dezenas de juízes federais solicitou à Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) a suspensão cautelar do ex-juiz da entidade que representa a categoria no país. Moro nega irregularidades nos diálogos.

EK/abr/ots

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