MAN faz 250 anos
19 de outubro de 2008A fabricante de máquinas e veículos utilitários MAN completa 250 anos de existência em 2008. Com isso, ela é uma das mais antigas empresas da Europa, tendo sobrevivido a crises e a guerras através de uma oferta variada e sempre aberta a inovações. A história da MAN – abreviatura de Maschinenfabrik Augsburg-Nürnberg – começou com uma pequena siderúrgica no Vale do Ruhr. Hoje, a empresa com sede em Munique coordena 55 mil empregados no mundo todo.
O principal acionário da MAN é hoje a Volkswagen, que detém 29,9% do controle da empresa, estando o resto em propriedade dispersa. Mas, quando foi criada na cidade de Oberhausen, os primeiros produtos ainda eram apenas panelas de cozinha e frigideiras. "Estamos orgulhosos de ser uma das mais antigas indústrias da Europa. Imagine que, no começo, éramos uma oficina artesanal com oito ou dez funcionários. Passaram-se algumas décadas até a empresa se tornar realmente grande", conta o assessor de imprensa Andreas Lampersbach.
A siderúrgica que deu origem à atual empresa ainda levava o nome de Gutehoffnungshütte (GHH). Foi só após a Primeira Guerra Mundial que o então presidente da empresa, Paul Reusch, adquiriu diversos fabricantes de máquinas industriais, obtendo também a maioria sobre a MAN, que havia sido criada em 1840 através da fusão de duas fabricantes das cidades bávaras de Augsburg e Nurembergue, vindo daí seu nome atual.
Influente, mas resistente ao nazismo
Através do conglomerado supra-regional que montara na década de 1920, Paul Reusch se tornou um dos mais influentes industriais da época, conta o historiador Johannes Bähr. "Na República de Weimar, ele era um dos principais líderes da indústria pesada, que eram radicalmente contra a democracia e abertamente a favor da remilitarização", diz.
Mas, apesar de favorecer um Estado autoritário e por mais que seu conglomerado industrial lucrasse enormemente com a militarização, Reusch não se acertou com os nazistas.
"O caso da MAN no Terceiro Reich é muito interessante, pois nos força a abandonar aquele pensamente estereotipado que se costuma ter neste contexto. O NSDAP [Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores, o partido nazista] procurava obter influência nas empresas e isso era algo que Reusch não aceitava. Ele não se tornou membro do partido e ainda se distanciou do regime."
Em 1942, os nazistas fizeram com que Reusch perdesse seu cargo à frente do conglomerado. Já com 65 anos de idade, o suábio, amargurado, se retirou a sua casa de campo nas proximidades de Stuttgart. Terminada a guerra, o conglomerado foi desmantelado.
"O caso mostra também como se faz a história econômica. A empresa tentou resistir veementemente, mas dez anos mais tarde, quando a crise do carvão assolou o Vale do Ruhr, a GHH praticamente não foi afetada, pelo contrário, lucrava com o aumento da produção de veículos de carga em Munique", explica Bähr.
Um quarto de milênio
A venda de veículos de carga permanece até hoje o principal ramo da MAN, tendo gerado uma receita de 10 bilhões de euros só no ano passado. Mas a MAN também fabrica turbinas, compressores e motores para aviões e navios.
"Aproximadamente a metade dos navios que navegam os mares do mundo são equipados com um motor da MAN, de cargueiros com até 14 mil contâineres a navios de cruzeiros", conta Lampersbach. "O Queen Elizabeth II, por exemplo, possui um motor da MAN com potência de até 110.000 cavalos, 35 metros de comprimento e 17 metros de altura."
Para uma empresa que vive da venda de motores a diesel, turbinas e veículos utilitários, o alto preço do petróleo é certamente um desafio. Mas o porta-voz do consórcio, Wieland Schmitz, mantém-se otimista, acreditando que uma empresa tradicional como a MAN continuará lucrando.
"Claro que o preço do combustível nos afeta. Mas, por outro lado, temos uma grande demanda de países do Oriente Médio e da Rússia, onde a economia cresce justamente por causa do petróleo – se isso servirá de compensação ainda não podemos dizer."
A antiga pequena siderúrgica de Oberhausen hoje opera em praticamente todos os importantes mercados do mundo e, através de diversas fusões, aquisições e mudanças na oferta, conseguiu se manter por um quarto de milênio – um fato singular, já que a maioria das empresas alemãs sobrevive em média apenas 20 anos.