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Mais fulminante que nunca

Marcio Weichert20 de dezembro de 2003

Aílton chega ao fim de mais um ano como líder da artilharia da Bundesliga. Graças a seu desempenho, o atacante brasileiro acertou sua transferência para o Schalke e é cotado pela imprensa para integrar a Seleção Alemã.

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Gesto que se repete: alegria após mais um golFoto: AP

O paraibano Aílton não esconde seu sonho de ser o artilheiro da Bundesliga em sua oitava temporada alemã. "Venho tentando há dois, três campeonatos, mas sempre acontece algo", lamentou em conversa com a DW-WORLD. Desta vez, entretanto, o atacante do Werder Bremen terminou o primeiro turno com uma safra de gols superior à do mesmo período em 2002. Se Aílton viajou no recesso de inverno passado com a soma de 13 gols, agora ele já ostenta 16, com média de um por jogo. Além disso, o compatriota Élber, que o ultrapassou na reta final da temporada passada, não joga mais no Bayern de Munique, nem na Alemanha.

"Talvez seja mais fácil agora", espera o artilheiro, que promete se engajar e treinar ainda mais para ganhar em maio o troféu Canhão Artilheiro. Para o ex-jogador do Guarani de Campinas, seu mais forte concorrente é Martin Max. O atacante do Hansa Rostock já foi artilheiro da Bundesliga em 2000 e 2002. Agora, o alemão está quatro gols atrás do brasileiro. Aílton conta também com Klose, do Kaiserslautern e da Seleção Alemã, atualmente com nove gols.

Meta não é título alemão

Embora o Werder Bremen tenha encerrado o primeiro turno na liderança, como o simbólico campeão do outono, o queridinho da torcida nortista procura ser modesto na avaliação das chances de seu clube quanto à conquista do título alemão. "Nossa meta é uma vaga na Liga dos Campeões (ou seja, até o terceiro lugar). Na Bundesliga, estamos correndo por fora. Para nós é bom que Bayern de Munique e Bayer Leverkusen sejam os favoritos", considera. Aílton não despreza, porém, o potencial de sua equipe.

"Nossas chances são boas e eu confio em nosso time. Ele está bem armado e entrosado." Ele aponta exatamente este aspecto como a principal razão do sucesso do Werder, com o qual a imprensa não contava na disputa da liderança. "Temos um grupo sensacional, sem rivalidades entre atacantes, armadores e zagueiros. Estamos unidos, brincamos juntos e isso ajuda em campo", afirma o paraibano.

De mudança para o Schalke

O Werder Bremen pode eventualmente ser campeão sem Aílton – se é que sem seu artilheiro o clube ainda terá condições de manter seu atual desempenho. O brasileiro pegou todos de surpresa em outubro ao acertar repentinamente sua transferência para o Schalke ao fim da temporada. O valor do contrato teria sido a razão da rapidez do acordo. Segundo a revista Der Spiegel, o atacante ganhará quatro milhões de euros ao ano. "Foi uma oferta bem superior à do Werder", admite o jogador, sem falar de números.

Aílton não descarta a hipótese de já se transferir para o Schalke durante o recesso de inverno, mas confessa que a perspectiva de o Werder sagrar-se campeão o obrigará a uma reflexão antes de qualquer decisão. Mas a antecipação na verdade não depende dele. Os clubes até agora não mostraram interesse, muito pelo contrário. O Schalke desconversa, certamente porque teria de pagar ao Werder a rescisão do atual contrato, enquanto ao fim da temporada o brasileiro terá passe livre. Já o Werder teria muito a perder se abrisse mão de seu principal goleador. "Não sei como os torcedores reagiriam", observa Aílton.

Polêmica sobre Seleção Alemã

Na segunda semana de dezembro, o artilheiro virou manchete na Alemanha porque estaria se oferecendo para naturalizar-se e assim jogar pela Seleção Alemã. "Nunca me coloquei à disposição", esclarece Aílton à DW-WORLD. O jogador afirma que a imprensa alemã o compreendeu mal. "Eu trabalho com o objetivo de jogar na Seleção Brasileira. Nunca disse que quero jogar pela Alemanha. Já disse várias vezes que não me sentiria bem vestindo o uniforme de outro país que não o meu", acrescenta.

A determinação, entretanto, não é total. Aílton admite que pensaria na hipótese de naturalização se houvesse a possibilidade de jogar a Copa do Mundo de 2006. "Qualquer jogador gostaria de participar de um mundial", diz, sem mostrar fé que isto venha a acontecer. Principalmente pela Seleção Brasileira. Afinal, o artilheiro estará completando 33 anos em julho de 2006, e "a concorrência dos mais jovens é muito forte". Ele sonha, porém, em ainda ser lembrado para os jogos das Eliminatórias.

Planos para pendurar as chuteiras

Seu futuro contrato com o Schalke terminará às vésperas do mundial. Aílton não sabe ainda se será o fim de sua carreira de jogador. "Aqui na Europa, te dão valor enquanto você estiver tendo bom desempenho, independente da idade", afirma. Mas o goleador já tem planos para quando pendurar as chuteiras. O paraibano pretende abrir um escritório na Alemanha, para intermediar a vinda de sul-americanos para os times alemães e lhes dar apoio. "A maioria dos jogadores tem dificuldades de se adaptar. Eu mesmo me senti muito sozinho quando cheguei", recorda.