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Emergentes no G8

24 de maio de 2007

Em declaração exclusiva à DW-WORLD, presidente brasileiro diz que nas nações emergentes são gestadas soluções mais inovadoras para os problemas mundiais. Leia ainda opiniões de Leonardo Boff e Rubens Diniz.

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Presidente virá à Alemanha para o encontro de cúpula do G8 em HeiligendammFoto: AP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a presença de países como África do Sul, Brasil, China, Índia e México confere "maior credibilidade e eficácia aos esforços de coordenação internacional do G8".

Em depoimento exclusivo à DW-WORLD, o presidente brasileiro defendeu que as nações emergentes sejam cada vez mais ouvidas no debate sobre os principais problemas mundiais.

"Não apenas porque, num mundo mais integrado e interdependente, suas populações são as mais afetadas. Mas também porque em nossos países estão sendo gestadas propostas mais inovadoras para responder a esses desafios", afirmou Lula.

O presidente brasileiro defendeu ainda que "a Cúpula Ampliada seja o embrião de um foro permanente, unindo países em desenvolvimento e desenvolvidos em torno de temas que requerem respostas concertadas, de forma transparente e representativa".

Boff e Diniz

Lula foi um dos três brasileiros ouvidos pela DW-WORLD para um dossiê especial sobre o encontro de cúpula. Também emitiram opiniões o teólogo Leonardo Boff e o psicólogo Rubens Diniz, diretor do Centro Brasileiro de Solidariedade com os Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).

Boff disse esperar que os países do G8 "desenvolvam uma nova consciência sobre a situação da Terra e introduzam medidas globais concretas para a preservação do nosso planeta". Ele afirmou ainda que "está claro para todos nós que o grande problema da Terra não é o desenvolvimento nem a industrialização dos países pobres".

De acordo com Diniz, a participação dos países emergentes pode mostrar aos países-membros do G8 que eles "também são responsáveis pelas assimetrias que existem no mundo, pela guerra e pela fome". Para ele, "o mundo necessita de mecanismos multilaterais nos quais as opiniões dos países em desenvolvimento tenham a mesma importância que as das grandes potências".

Leia a seguir a íntegra das opiniões do presidente Lula, de Leonardo Boff e de Rubens Diniz. Na galeria de fotos anexada ao final deste artigo estão os comentários de participantes de outros países, entre eles o músico Herbert Grönemeyer e o líder oposicionista da esquerda alemã Oskar Lafontaine.

Declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

"É com satisfação que volto a participar da Cúpula Ampliada do G8, a realizar-se em Heiligendamm, Alemanha, em junho próximo.

Os líderes de África do Sul, Brasil, China, Índia e México teremos a oportunidade de aprofundar o diálogo, iniciado em Evian, em 2003, com as principais economias industrializadas sobre temas prioritários da agenda internacional. Estou convencido de que mudança de clima, desenvolvimento sustentável, fontes novas e renováveis de energia, combate à fome e à exclusão social e financiamento para o desenvolvimento, entre outros, são temas onde as principais economias emergentes precisam ser cada vez mais ouvidas. Não apenas porque, num mundo mais integrado e interdependente, suas populações são as mais afetadas. Mas também porque em nossos países estão sendo gestadas propostas mais inovadoras para responder a esses desafios.

Considero, portanto, que as sessões ampliadas contribuem para conferir maior credibilidade e eficácia aos esforços de coordenação internacional do G8. Por essa razão, defendo que a Cúpula Ampliada seja o embrião de um foro permanente, unindo países em desenvolvimento e desenvolvidos em torno de temas que requerem respostas concertadas, de forma transparente e representativa. Estaremos assim dando um passo decisivo em direção a uma governança verdadeiramente global, capaz de intensificar ações multilaterais com vistas a tornar a globalização menos assimétrica e mais solidária."

Declaração do teólogo Leonardo Boff, um dos principais representantes da Teologia da Libertação

"Espero que os países do G8 desenvolvam uma nova consciência sobre a situação da Terra e introduzam medidas globais concretas para a preservação do nosso planeta. Caso nada seja feito a esse respeito a partir de agora, então teremos de aceitar o futuro dos dinossauros, o qual não foi bom, como sendo o nosso futuro. Afinal, depois de conhecermos os resultados do relatório sobre o clima no planeta, está claro para todos nós que o grande problema da Terra não é o desenvolvimento nem a industrialização dos países pobres. O centro de todas as preocupações é, agora, a própria Terra e os seres humanos, na condição de habitantes deste planeta. Nós chegamos a um ponto em que os danos não podem mais ser revertidos. O aquecimento da Terra é um fato e temos de nos adaptar a essa situação, atenuar as piores conseqüências e ver que o futuro da humanidade e da Terra precisa ser assegurado. Essa é uma questão global. Todos devem trabalhar juntos para desenvolver uma nova consciência, a de que o destino da Terra e da humanidade é o mesmo. Especialmente as igrejas, que lidam com santos, promessas e salvação, podem desempenhar um papel importante."

Declaração do psicólogo Rubens Diniz, diretor do Centro Brasileiro de Solidariedade com os Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e da Campanha pela Desmilitarização das Américas (Cada)

"Aos países em desenvolvimento, até agora pouco interessava a política realizada pelos países-membros do G8, que se fechavam em uma espécie de condomínio de ricos. Neste encontro, espero que a participação de países emergentes, como o Brasil, consiga mostrar a tais potências que elas também são responsáveis pelas assimetrias que existem no mundo, pela guerra e pela fome. Os países do G8 devem, ainda, assumir sua responsabilidade pelo aquecimento global. Espero que os países emergentes possam esclarecer às grandes potências a importância de elas levarem em consideração as condições sociais e econômicas das demais regiões. O mundo necessita de mecanismos multilaterais nos quais as opiniões dos países em desenvolvimento tenham a mesma importância que as das grandes potências, e o G8, por ser um condomínio de ricos, não responde a essa necessidade." (as)