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Liderança ainda é coisa para homem

(av)13 de outubro de 2005

Apesar da ascensão surpreendente de Angela Merkel, para as mulheres de negócios da Alemanha o acesso aos escalões superiores continua extremamente árduo. Apenas duas diretoras dentre as 30 maiores empresas do país.

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Executiva com filhos: utopiaFoto: Bilderbox

Ao que tudo indica, em breve a República Federal da Alemanha terá, pela primeira vez em seus 56 anos de existência, uma mulher como chefe de governo. A indicação da democrata-cristã Angela Merkel pode representar uma guinada em direção ao conservadorismo político, mas ao mesmo é o progresso inegável para a causa feminina.

Mas o que vale para a política não se aplica necessariamente à economia: no contexto das grandes empresas, ainda está para aparecer a primeira "Senhora Presidente". Possivelmente transcorrerão muitos anos até que o Deutsche Bank, a DaimlerChrysler, ou qualquer outra das que compõem o índice Dax admita uma mulher à sua frente.

Apenas duas das 30 maiores empresas representadas na bolsa de valores incluem uma mulher em sua diretoria. Trata-se da sul-tirolesa Christine Licci para o Hypo-Vereinsbank de Munique, e a holandesa Karin Dorrepaal, no grupo farmacêutico Schering, de Berlim.

Mais chances na mídia e nas empresas de família

De resto, nos 195 cargos de liderança das empresas no Dax – da Adidas à Volkswagen – reina a mesma situação: as mulheres cuidam da sala de recepção, mas o chefe é um homem. Segundo um estudo do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), em 2003 só havia sete mulheres nos altos escalões das grandes empresas do país. Nos últimos meses, esse número cresceu ligeiramente: a Deutsche Bahn, por exemplo, incluiu em sua diretoria a jurista Margret Suckale, especializada em recursos humanos.

A maior concentração de mulheres em cargos de liderança se encontra ou no setor da mídia ou nas empresas de família. Assim, as emissoras de tevê RTL e MTV têm respectivamente Anke Schäferkordt e Catherine Mühlmann como diretoras-gerentes para a Alemanha. Outros exemplos são Christiane Underberg – à frente da empresa de bebidas alcoólicas que traz o seu sobrenome –, e Annette Roeckl (luvas e acessórios de moda).

Crianças em jogo

A especialista da DIW Elke Holst tem algumas explicações para tal estado de coisas. Afinal, os homens continuam dispondo das melhores redes de conexões profissionais e deliberam sobre os melhores cargos. E suas companheiras ainda são as principais responsáveis pela educação das crianças.

Prova disso é o fato de que a maioria das gerentes que, apesar de tudo, conseguiram chegar "lá em cima" não têm filhos. Em contraposição, um outro estudo revelou que homens em posições de chefia têm mais filhos do que a média. As perspectivas de que essa hegemonia masculina venha a se alterar são mínimas.

Em setores como o automobilístico e o armamentista, é difícil para as mulheres até o acesso ao segundo escalão. Na DaimlerChrysler e na Thyssen-Krupp elas estão ausentes mesmo dos conselhos fiscais (instância de controle da diretoria sem funções executivas). Na maioria dos casos, as poucas conselheiras fiscais são indicadas pelos sindicatos.

Pouco motivo para otimismo

A situação das mulheres de negócios da Alemanha é tão mais retrógrada se comparada com a Noruega e Suécia, primeiros países do mundo a impor por lei uma quota feminina nos conselhos fiscais de empresa. Na Suécia, as 474 firmas cotadas na bolsa são obrigadas, desde 2 de setembro deste ano, a manter um mínimo de 40% de mulheres em seus conselhos fiscais.

Enquanto isso, na Alemanha, continua havendo poucos motivos para otimismo sobre quando uma mulher virá a presidir uma das empresas do Dax. Para a assessora de pessoal Christine Stimpel, uma das principais "caçadoras de talentos" da Alemanha, esta "infelizmente não passa de uma questão teórica".

"Na indústria tradicional, é muito improvável que isso aconteça, sobretudo na indústria de automóveis", prevê Stimpel. Ela vê melhores chances para suas companheiras de sexo nas diretorias da indústria farmacêutica ou de life style. "Não me espantaria se a Schering ou a Adidas se decidirem algum dia por uma mulher", especula a head hunter alemã.