1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
CulturaItália

Lanchonete da antiguidade é nova sensação de Pompeia

27 de dezembro de 2020

Achado de estabelecimento quase intacto pode fornecer informações valiosas sobre os hábitos gastronômicos das pessoas na cidade antiga, que foi soterrada por uma erupção vulcânica no ano 79.

https://p.dw.com/p/3nGJs
Pintado de amarelo, o balcão da lanchonete tem buracos arredondados e pinturas de animais
Pintado de amarelo, o balcão da lanchonete tem buracos arredondados e pinturas de animaisFoto: Luigi Spina/picture alliance

Arqueólogos em Pompeia revelaram uma espécie de lanchonete quase intacta que pode fornecer informações valiosas sobre os hábitos gastronômicos das pessoas na cidade antiga que foi soterrada por uma erupção vulcânica no ano 79.

O termopólio – são chamados os locais onde na antiguidade eram servidas bebidas e comidas quentes –, levou os arqueólogos a chamá-lo de "lanchonete". Os termopólios eram muito populares entre os romanos antigos. Só Pompeia tinha 80 deles.

Imagem de uma nereida, uma ninfa do mar, num cavalo marinho.
Uma das faces do balcão exibe a imagem de uma nereida, uma ninfa do mar, num cavalo-marinhoFoto: Luigi Spina/picture alliance

"Esta é uma descoberta extraordinária. É a primeira vez que conseguimos escavar um termopólio completo", diz Massimo Ossana, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia.

Restos de comida

Os pesquisadores encontraram no lugar restos de comida de quase 2 mil anos em alguns dos potes profundos de terracota achados na loja, incluindo vestígios de carne de porco, peixe, caracóis e boi. O vendedor ambulante deveria manter os potes no balcão do estabelecimento, que contém buracos arredondados.

Lanchonete antiga de Pompeia
"É a primeira vez que conseguimos escavar um termopólio completo", diz Massimo Ossana, diretor do parque arqueológicoFoto: Luigi Spina/picture alliance

Até mesmo um brincalhão parece ter rabiscado no balcão da época. "Nicias seu sujeito sem vergonha", diz uma escritura em latim ao lado de uma das pinturas. Nicias poderia ter sido o dono do estabelecimento.

Nossas análises preliminares mostram que os números desenhados na frente do balcão representam, pelo menos em parte, os alimentos e bebidas que ali eram vendidos", explica a antropóloga Valeria Amoretti, acrescentando que a descoberta é um "testemunho da grande variedade de produtos de origem animal usados para preparar pratos".

No fundo de uma jarra, os arqueólogos encontraram grãos triturados que eram usados para modificar o sabor do vinho.

Afrescos de cores vivas podem ainda ser vistos na parte dianteira do balcão da loja, alguns retratando animais que faziam parte dos ingredientes da comida vendida, incluindo uma galinha e dois patos pendurados de cabeça para baixo. Também pode ser vista a imagem de uma nereida, uma ninfa do mar, num cavalo-marinho.

Tigela com restos de ossos humanos
Arqueólogos descobriram tigelas, restos de comida e ossos humanosFoto: Luigi Spina/ROPI/picture alliance

Ossos humanos

Os arqueólogos também descobriram uma tigela decorada de bronze para bebida, frascos de vinho, potes de cerâmica usados para cozinhar sopas e ensopados e ânfora usada para armazenar ou transportar líquidos. Eles também encontraram ossos humanos perto da lanchonete, incluindo os de um homem de cerca de 50 anos, perto de uma espécie de cama.

"A loja parece ter sido fechada às pressas e abandonada por seus proprietários, mas é possível que alguém, talvez o homem mais velho, tenha ficado e morrido na primeira fase da erupção, durante o desabamento do sótão", diz Massimo Osanna, em entrevista à agência de notícias italiana Ansa.

O outro corpo pode ser o de um "ladrão" ou de um "fugitivo faminto surpreendido pela fumaça ardente, com a tampa do jarro que acabava de abrir na mão", acrescenta.

Cerca de dois terços da antiga cidade de Pompeia, de 66 hectares, 23 quilômetros a sudeste de Nápoles, na Itália, já foram descobertos. As ruínas não haviam sido descobertas até o século 16, e as escavações começaram por volta de 1750.

A lanchonete, descoberta no sítio Regio V do parque arqueológico, ainda não está aberta à visitação. Ela foi parcialmente exumada em 2019, mas o trabalho foi estendido para preservar todo o local da melhor forma possível, segundo a administração do parque arqueológico.

MD/rtr/afp/dpa