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Kamala é criticada por pedir para migrantes não irem aos EUA

9 de junho de 2021

Fala de vice-presidente americana durante visita à Guatemala foi rebatida por entidades de direitos humanos e por Ocasio-Cortez, congressista de seu próprio partido, que classificou apelo como "decepcionante".

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Kamala Harris em púlpito
Vice-presidente visitou Guatemala e México como parte do esforço do governo Biden para conter fluxo de migrantesFoto: Carlos Barria/REUTERS

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, foi alvo de críticas de entidades de direitos humanos e de uma integrante de seu próprio Partido Democrata, após dizer que os migrantes sem documentos da Guatemala não devem ir para os Estados Unidos.

Em sua primeira viagem ao exterior como vice do presidente americano, Joe Biden, Harris visitou a Guatemala nesta segunda-feira, finalizando nesta terça-feira (08/06), no México, sua turnê de dois dias destinada a buscar cooperação para resolver o problema migratório dos EUA.

Durante entrevista coletiva com o presidente do país, Alejandro Giammattei, a ex-senadora falou sobre investigar corrupção e tráfico de pessoas na América Central e descreveu um futuro no qual os guatemaltecos poderiam encontrar "esperança em casa".

Mas ela também transmitiu uma mensagem clara de que os migrantes sem documentos da Guatemala não encontrariam uma solução para seus problemas na fronteira dos Estados Unidos sob o governo Biden. "Quero deixar claro para o pessoal da região que está pensando em fazer aquela perigosa jornada até a fronteira dos Estados Unidos com o México. Não venham. Não venham", alertou.

Comentários "decepcionantes"

Na segunda-feira, a congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez criticou Harris no Twitter, chamando seus comentários de "decepcionantes".

"Em primeiro lugar, buscar refúgio em qualquer fronteira dos EUA é um método 100% legal de chegada", argumentou a congressista, uma voz influente na esquerda democrata desde sua eleição em 2018, conhecida como AOC.

"Em segundo lugar, os EUA passaram décadas contribuindo para mudanças de regime e a desestabilização na América Latina. Não podemos ajudar a colocar fogo na casa de alguém e depois culpá-los por fugir", afirmou a parlamentar.

Vários grupos de direitos humanos também se manifestaram. "Continuamos a instar o governo Biden a construir políticas que reconheçam que muitos guatemaltecos precisarão buscar proteção até que sejam sanados os motivos do deslocamento forçado e a realinhar sua mensagem ao povo guatemalteco para refletir o compromisso dos EUA com o direito à busca de proteção internacional", afirmou Rachel Schmidtke, especialista em América Latina da organização Refugees International, citada pelo jornal britânico The Guardian.

A organização especializada em ajudar migrantes Asylum Seeker Advocacy Project escreveu no Twitter: "Kamala Harris, procurar asilo é legal. Devolver quem busca refúgio é ilegal, perigoso e muitas vezes os manda de volta para a morte. Pedir refúgio é um direito ao abrigo do direito dos EUA e internacional".

"Causas profundas"

Em visita ao México nesta terça-feira, Harris também enfrentou questionamentos sobre sua decisão de não visitar a fronteira entre EUA e México como parte de sua viagem. Ela disse que, embora considere legítimo se preocupar com a situação fronteiriça, esta não será resolvida com uma simples visita e que seu foco é enfrentar as "causas profundas" que levam os migrantes a fugir de seus lares.

"Pode haver alguns que pensem que isso não é importante, mas tenho a firme convicção de que, se nos preocupamos com o que está acontecendo na fronteira, é melhor nos preocuparmos com as raízes do problema e resolvê-los", afirmou Harris em entrevista à emissora NBC.

Contenção do fluxo migratório

Harris realizou uma viagem de dois dias a Guatemala e no México como parte do esforço do governo Biden para conter o fluxo de migrantes para os EUA. Ela se reuniu com os presidentes da Guatemala e do México para discutir investimentos econômicos e aumentar a fiscalização contra tráfico, contrabando e corrupção.

O aumento da migração na fronteira tornou-se um dos principais desafios enfrentados por Biden nos primeiros meses de seu primeiro mandato, com os republicanos tentando tirar dividendos eleitorais de uma questão que consideram politicamente vantajosa.

As pesquisas sugerem que os americanos são menos favoráveis ​​à abordagem de Biden para a imigração do que para suas políticas sobre a economia e a pandemia.

Após o encontro de Harris com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, Washington divulgou diversos convênios firmados entre os dois governos, incluindo um compromisso dos EUA no valor de 130 milhões de dólares para apoiar nos próximos três anos as reformas trabalhistas no México, incluindo empréstimos para impulsionar a economia do sul do país.

E os dois países também farão parceria pra combater tráfico humano e implementar programas econômicos abordando as causas pelas quais as pessoas deixam El Salvador, Guatemala e Honduras para ir aos EUA.

md/lf (AP, ots)